Governo Regional diz ser "lamentável" que Estado não apoie ligações marítimas com continente

Lusa

O presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque, disse hoje que a ligação marítima Madeira-Portimão é mais um compromisso cumprido pelo seu executivo e lamentou que o Estado português não apoie a linha marítima.

"Só lamentamos que um país como o nosso, que tem na sua dimensão arquipelágica a sua projeção atlântica e uma das plataformas continentais maiores do mundo, são 3.700.000 quilómetros quadrados, não assuma, como o Estado espanhol o faz, a ligação marítima de passageiros e carga como um dos vetores estratégicos fundamentais do país", declarou o governante na cerimónia de inauguração da viagem Madeira-Portimão.

Para Miguel Albuquerque, "é lamentável que tenham que ser os contribuintes da Região Autónoma da Madeira a financiar aquilo que devia ser assumido pelo Estado, que são as ligações marítimas às suas ilhas".

O chefe do executivo madeirense lembrou que o "Estado espanhol subsidia o transporte marítimo de carga e passageiros em mais de 70%".

"Nós, aqui [Madeira], além de termos neste momento um problema de mobilidade [os sistemáticos cancelamentos por motivos operacionais] através da companhia aérea nacional [TAP], que está a tratar os madeirenses e a Madeira de uma forma vergonhosa, ainda temos que arcar com os encargos inerentes ao transporte marítimo de passageiros", acrescentou.

"O Governo Regional cumpriu aquilo que era a sua obrigação e aguardamos que o Estado português, no intervalo de dançar no palco do Rock In Rio, resolva os problemas estruturais e fundamentais como o da ligação de passageiros às ilhas", criticou.

O presidente do Governo Regional presidiu hoje à cerimónia de inauguração de lançamento da rota Madeira-Portimão, seis anos depois (01 de fevereiro de 2012 - 01 de julho de 2018) do armador espanhol "Naviera Armas" ter cancelado a sua operação, igualmente nesta rota, por alegada falta de apoio na redução das taxas portuárias.

A linha marítima de passageiros e carga entre a ilha da Madeira, no Atlântico Norte, e a cidade portuária de Portimão, no Algarve, a sul de Portugal, será feita no navio "Volcán de Tijarafe", fretado pela Empresa Madeirense de Navegação (EMN) do Grupo Sousa [única concorrente no concurso internacional para a exploração da linha marítima através de 'ferry' entre região e o continente] à "Naviera Armas".

A concessão da linha marítima regular através de 'ferry' Madeira-Portimão compreendendo o transporte de passageiros e carga rodada, tem a duração de três anos, decorrerá entre junho e setembro e vai custar ao orçamento regional nove milhões de euros, repartidos por frações de três milhões de euros por ano.

A 27 de junho de 2017, a Comissão Europeia deu luz verde à possibilidade de o Governo Regional subsidiar a ligação marítima entre a Madeira e o continente, processo que culminou hoje com a chegada do "Volcán de Tijarafe", trazendo oito passageiros e três viaturas, e levando 160 passageiros e 60 viaturas.

As viagens começam todos os domingos com saída de Tenerife.

Às segundas, o navio chega e ruma do Funchal com destino a Portimão, de onde parte terça-feira com destino à Madeira, onde chega quarta-feira, navegando de seguida para Las Palmas.

A última das 12 viagens desde ano acontecerá a 20 de setembro.

A viagem, ida e volta, para não residente é 170 euros, 58 euros para residente e 51 euros para estudante.

As crianças até aos três anos não pagam e, dos quatro aos 12 anos, têm um desconto de 50% na tarifa.

Para viajar com automóvel, os passageiros terão de pagar mais 125 euros por trajeto.

Transportar uma viatura ligeira sem passageiro custa 315 euros.

Para as Canárias, o preço Funchal/Las Palmas é 105 euros (ida e volta) e mais 199,50 euros para quem quiser viajar com o automóvel.

O "Vólcan de Tijarafe" tem 154 metros de comprimento fora-a-fora, 25,60 metros de boca máxima e 5,70 metros de calado.

Desloca 20.500 toneladas, tem uma velocidade de serviço de 24,5 nós, 56 camarotes, 206 camas e pode transportar 1.000 pessoas, 1.500 metros cúbicos de carga e 300 automóveis.

O representante da República, Ireneu Barreto, o presidente da Assembleia Legislativa, Tranquada Gomes, e o CEO do Grupo Sousa, Luís Miguel Sousa, estiveram, entre outras entidades, presentes na cerimónia.