José Milhazes fala sobre "efeito venenoso" das audiências, na UMa
Foi na Sala do Senado que a Universidade Madeira (UMa) acolheu José Milhazes. O jornalista e historiador português está na Madeira para apresentar o novo livro e falar sobre ‘Jornalismo no Mundo em Mudança’ dando ênfase ao caso da Rússia.
Organizada pelo Departamento de Línguas, Literaturas e Culturas, da Faculdade de Artes e Humanidades da Universidade da Madeira a conferência gratuita registou pouca audiência, a que não deve ser alheio o facto de ter sido reagendada devido às condições climatéricas adversas que condicionaram as operações no Aeroporto da Madeira.
Antes de dar início à palestra, José Milhazes partilhou com os jornalistas presentes a sua visão sobre o Jornalismo no mundo contemporâneo. E foi num ‘tom’ pessimista que falou sobre o caso português acusando a necessidade de audiências de provocar um “efeito venenoso” em alguns profissionais de todas as áreas do Jornalismo levando-os a descer o nível, afirmou.
Reconhecendo “grandes desafios pela frente” nesta profissão que precisa de ser viável do ponto de vista económico o jornalista disse ser necessário garantir a qualidade da informação e cumprir o dever de Serviço Público.
Questionado sobre a sobrevivência dos jornais, José Milhazes disse que “o papel tem futuro,” mas “noutros moldes” como “para os colecionadores”, ironizou, sugerindo aos jornalistas o aprofundamento das notícias.
José Milhazes afirmou que o mesmo jornalista não deve fazer “todos os serviços, porque não há enciclopédias” devendo apostar numa formação especializada. Acrescentou que estes profissionais devem ter, no entanto, muita cultura geral.
Destacando a questão tecnológica como outro dos desafios inerentes à prática da profissão, José Milhazes justificou que o surgimento de novas técnicas de informação traduz-se numa necessidade constante do jornalista de “se reciclar constantemente”.
O antigo do correspondente do Público em Moscovo, falou sobre o caso da Rússia. Na sequência do Período Soviético, onde reinava a censura, José Milhazes afirmou que o desastre Chernobil, levou à partilha de documentos escondidos e a uma maior liberdade de expressão.
Atualmente, o jornalista referiu que Vladimir Putin mantém, à semelhança das oligarquias que antes governavam, um poder centralizado, estando os meios de comunicação sob essa alçada.
O historiador explorou no novo livro as relações entre a Madeira e Rússia, através do Vinho Madeira. “Servido à mesa de czares e nobres russos, cantado por poetas e escritores, o consumo do verdadeiro vinho da ilha portuguesa era sinal de um alto estatuto na sociedade russa”, é um excerto da obra de José Milhazes.
A apresentação do livro ‘Madeira: Vinho dos Czares’ decorre esta tarde, pelas 17 horas, no Instituto do Vinho, do Bordado e do Artesanato da Madeira. O evento vai contar com a presença do presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque.
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