Cafôfo disse ao MP que não entende de árvores

Susy Lobato

O inquérito ainda não está concluído, mas já se conhece parte do depoimento que o presidente da Câmara do Funchal apresentou quando foi inquirido pelo Ministério Público no âmbito da investigação aos factos que originaram o trágico acidente do Monte. Cafôfo foi constituído como arguido, juntamente com a vereadora do Ambiente e o chefe de divisão dos jardins e espaços verdes.

De acordo com o Expresso, que teve acesso ao processo judicial, Paulo Cafôfo confessou não entender de árvores, nem saber de tudo o que acontece na Câmara do Funchal.

No depoimento que prestou na Polícia Judiciária a 12 de dezembro, o autarca terá dito que foi por não saber de tudo o que acontece na Câmara que delegou competências aos vereadores.

O presidente da Câmara do Funchal desconhece, por exemplo, quem introduziu no site da autarquia que o Largo da Fonte e os jardins em redor pertencem ao parque municipal do Monte.

Entre outras coisas que diz desconhecer, o edil insistiu, na mesma audição, que o talude onde estava o carvalho é propriedade da paróquia do Monte.

Algo que, de acordo com o citado pelo Expresso, é negado, no inquérito, pela Diocese do Funchal. Isso mesmo já havia proferido o advogado que representa a Igreja, Ricardo Vieira, ao afirmar que todos os terrenos que compõem os jardins do Monte foram cedidos à autarquia no fim do século XIX.

De acordo com a notícia publicada ontem pelo Expresso, a consulta do inquérito soma já seis volumes e inclui, entre os diversos ofícios, informações da peritagem, pedidos de informação por parte de famílias estrangeiras e ainda pedidos de indemnizações.

Para além dos três arguidos, a Polícia Judiciária inquiriu 56 testemunhas entre os feridos e familiares das vítimas.