Carta revela o 'desespero' da mãe da menina que ficou sem medicação para o cancro
Em situação de 'desespero', por ver a sua filha sem medicação para efetuar o tratamento, a mãe da menina escreveu uma mensagem no Facebook, demonstrando o seu descontentamento pelo serviço de Saúde. Em menos de um dia, o 'post' conta com mais de uma centena de comentários e mais de 400 partilhas.
Segue-se o desabafo desta mãe:
"Acho que me vou alongar um bocado nesta publicação, mas as coisas têm que ser ditas exactamente como são.
Já não é a primeira vez que os serviços farmacêuticos do nosso hospital Dr Nélio Mendonça nos falham com a quimioterapia. A partir do momento que viemos do IPO, a farmácia do hospital tem automaticamente a informação de que tanto a minha filha como outra menina que faz o mesmo tratamento, iriam precisar de 15 doses desta quimioterapia, ou seja, não há razão nenhuma para falhar. Os tratamentos são todas as terças feiras, sendo que, todas as quintas feiras anteriores a informação é passada para os serviços responsáveis de que a quimioterapia será precisa para a terça feira seguinte, mais uma razão para não falhar, pois tudo é tratado atempadamente por parte da médica responsável e dos enfermeiros do serviço do hospital de dia da pediatria. Na segunda feira recebi um telefonema da médica a informar que a medicação não tinha chegado ainda de Lisboa, pelo que não seria possível fazer o tratamento na terça feira (ontem), e que ficaria então para hoje, tudo bem (ou tudo mal porque a medicação deveria estar cá desde Maio...). Hoje, estamos no hospital desde as 9h da manhã, rotina normal, análises primeiro, tratamento depois. Ao 12h a médica recebe um telefonema da farmácia do hospital, a informar que afinal a medicação ainda está no aeroporto... (??!!) As crianças estão com o soro a correr no cateter, à espera da quimioterapia. É absolutamente vergonhoso que os serviços farmacêuticos prestem este tipo de (des)atenção aos tratamentos das crianças com cancro! Brincam, literalmente com a saúde destas crianças! Além de ser desgastante passar um dia quase inteiro no hospital todas as terças feiras, hoje este dia prolonga-se por mais não sei quantas horas, porque ainda não sabemos a que horas a medicação chegará ao hospital. No meio de tudo isto há toda a burocracia associada! A medicação chegou mas precisa de autorização para sair do aeroporto, vai chegar à farmácia, passa por outros serviços, até chegar ao hospital de dia da pediatria, depois tem que ser preparada, depois administrada. No caso da minha filha, como fez alergia a este químico, tem que fazer uma perfusão lenta, ou seja, o tratamento fica a correr no cateter em duas horas, depois ainda faz a “lavagem” com soro. Se hoje, por acaso a medicação não chegar a tempo, teremos que voltar amanhã ao hospital, o que implica picar novamente o cateter, utilizar mais recursos, mais material, mais despesa para o hospital, quando tudo isto poderia ter sido evitado!
Eu pergunto, mas alguém se responsabiliza por isto? A farmácia do hospital culpa o sistema! Como??! O sistema?? Mas já sabem desde final de Abril que duas crianças precisam de 15 doses desta medicação! Qual é a justificação pra isto? Alguém me sabe responder?? Se as eleições servirem para alguma coisa, que sirvam pra mudar o sistema!!! Mas as estradas asfaltadas vêem-se, a falta de quimioterapia para os tratamentos das crianças não se vê... ".
Na sua página do Facebook, podemos ver também que a saída do Hospital deu-se já quando estava de noite, perto das 21 horas, através de uma fotografia partilhada na porta do hospital. "A sair do hospital... longo dia este!", lê-se na descrição da foto partilhada pela mãe e que utilizamos como imagem desta publicação.
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