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Um dia, a casa vai abaixo...e ‘nasce’ o novo Hospital Central da Madeira

    JM-Madeira

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    Data de publicação
    15 Maio 2021
    5:00

    Segunda-feira

    Mesmo preparados desde 2003 para a expropriação de que iriam ser alvo, alguns moradores em Santa Rita estão comovidos quando chega a hora de abandonar a casa para dar lugar à obra que “vem para o bem de todos”.

    Dezoito anos depois de receber a primeira notificação de que iria ser expropriado, o pai de José Abreu, agora com 80 anos, ainda não deu início à procura de nova casa. Foi na semana passada que recebeu o dinheiro relativo ao acordo de expropriação da sua residência, cor de salmão, localizada na subida da Travessa do Funcho de Cima, em Santa Rita e, do cimo da sua idade, não vai ter esse trabalho, que está entregue ao filho, José Abreu.

    É com este, de 50 anos, mecânico e que faz da garagem da casa do pai, a sua oficina, com quem falamos numa visita aos terrenos onde, a partir de segunda-feira, arrancam, oficialmente, as obras do futuro Hospital Central da Madeira.

    O homem, que acaba de se despedir de um cliente, explica ao JM que na zona, já não vive quase ninguém. Afirma que os pais [ambos ainda com vida, “graças a Deus”], residem no andar de cima da casa, que é de tipologia T3, mas que tem um grande espaço na rua, onde cria porcos, galinhas e outros animais.

    “Está aqui uma vida!”

    “Eu ajudei a acartar blocos. Está aqui uma vida! Isto era um beco. Não havia acesso para carros. Agora, até passam dois carros. É meio apertado, mas dá. Mas é uma zona tão boa. Tão calma! Tão sossegada! Só se ouve o barulho de uma ou de outra mota na via rápida. Ao domingo, em família, até parece que vivemos sozinhos neste mundo”, conta-nos José Abreu enquanto leva, num ímpeto, os braços à cabeça e chora de emoção. Não estamos à espera desta reação. Até agora, José Abreu descrevia os acontecimentos da vida naquela zona de São Martinho, com alguma contenção emocional. Mas, assim que olha para a casa, cor de salmão, com dois pisos e grandes áreas com flores e agricultura, volta a ficar com os olhos ‘regados’ de lágrimas. É inevitável, conforme considera.

    Há muito tempo que, tanto o homem de 50 anos, como os pais, de 76 e 80 anos, estão preparados para abandonar a zona. José Abreu admite, inclusive, a importância da obra que ali vai nascer. Mas pede-nos que nos ponhamos no lugar dele: “Repare: os meus pais sempre viveram aqui. A minha mãe nasceu aqui numa casa ao lado!”, afirma, enquanto aponta para o terreno de bananeiras ainda intacto. José Abreu diz que é muita emoção para digerir mas refere que tudo tem feito para acalmar os pais e prepará-los para a mudança de casa, que está para acontecer para breve.

    “Os meus pais receberam o dinheiro na semana passada. Vou começar a procurar um espaço para eles. Terá de ser para aqui perto. Eu já tenho a minha oficina. Vou começar as mudanças!”, afiança, ao Jornal , depois de recuperar da emoção que lhe tomou conta da alma. Agora, que vê máquinas já a começarem a destruir bananeiras, José Abreu está mais consciente de que, na realidade, a obra vai mesmo arrancar. Até agora, havia sempre aquela esperança de que “ainda iríamos aproveitar mais uns tempos nesta maravilhosa zona”.

    Apontando para a casa da frente, o número 25 da Travessa do Funcho de Baixo, com a porta do quintal aberta e aspeto de completamente abandonada, José Abreu explica que a mulher que ali vivia, não chegou a receber o dinheiro da expropriação. Morreu antes disso. A expropriação foi paga ao filho. Sem pressa para retomar a atividade de mecânico, o homem, que ali cresceu e registou todos os melhores momentos da sua infância, diz que há muitas histórias para contar. Dos vizinhos e da sua própria família.

    A propósito, realça que esta é a segunda expropriação que o pai é alvo.

    A primeira foi por causa da via rápida, que passou em São Martinho, onde tinha casa. Optou por se deslocar mais para oeste e erguer, ali, na Travessa do Funcho de Baixo, a sua residência. Pouco tempo após a construção da mesma, o pai de José Abreu foi informado de que a sua casa seria expropriada porque ali iria ser erguida a futura cadeia. O projeto ‘abortou’ e, mais tarde [José Abreu não sabe precisar quanto tempo depois mas lembra-se que foi em 2003], recebe a notificação de que vai ser expropriado para o hospital. Os anos foram passando e havia sempre a esperança de que a obra não iria surgir ali.

    “Mas tinha que surgir em algum sítio!”, admite. E pronto. A 24 de setembro de 2020, o Governo Regional procedeu ao lançamento da primeira fase do concurso para aquela obra, no valor de 18 860 000,00 euros. E, cá está a família pronta para as mudanças. “Contudo, leva memórias de uma vida e diz que nunca mais esquecerá esta zona do Funchal que, embora tão perto do centro, parece uma área rural, onde nada acontece e as pessoas vivem em paz”.

    Quem também está pronta para as mudanças é Rosa Castro. Aliás, esta mulher, que encontramos a subir com o carro um caminho de terra já feito por algumas máquinas que se encontram no terreno, diz que ainda tem tudo guardado na casa que era da mãe mas que já não vive ali.

    “Estive emigrada na Venezuela. Só vim há dez anos. E não trouxe nada. Aprendi que não nos devemos apegar”, sublinha à nossa reportagem, recusando, no entanto, ser fotografada.

    Ainda para mais, quando se sabe que “o investimento que vai crescer aqui, é para o bem de todos os madeirenses”. Isto “não é para um hotel. É para um hospital. Temos de aceitar e com alegria!”, considera. No entanto, embora poucos, nem todos estão satisfeitos com o valor que receberam pela expropriação do seu terreno. Uma delas vive mesmo perto da zona onde foi colocada a lona a anunciar o arranque, na próxima segunda-feira, das obras deste grande investimento. Arranque esse que contará com a presença do presidente do Governo Regional e do secretário regional dos Equipamentos e Infraestruturas, Miguel Albuquerque e Pedro Fino. Atenta, ao movimento de algumas máquinas e viaturas ligadas à obra, esta mulher ‘foge’ para dentro de casa à nossa abordagem. Mas não sem, a caminho da porta e antes de a fechar para evitar fotografias, dizer que o dinheiro que pagam “não dá para comprar uma casa”. “Não quero um apartamento. Quero uma casa”, conclui.

    Enquanto esta residente na zona expropriada demonstra a sua indignação, vemos que, ao longo da área onde vai nascer o hospital Central da Madeira, as casas estão praticamente ‘despidas’. De móveis. De janelas. De portas. De gente. Aguardam que as máquinas as esmaguem. Trabalhadores das obras contam-nos que são poucas as casas que ainda têm alguns haveres. “Contam-se pelos dedos!”, diz-nos um dos elementos quando abordado pela nossa reportagem. “Sei que aí, há um senhor que tem um grande galinheiro. E, todos os dias, pela tarde, ele vem aí matar algumas galinhas. Está a se desfazer dos bichos para abandonar a zona. As máquinas vão começar a rolar...”, refere.

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    Carla Ribeiro

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