Embora tivesse sido a primeira região autónoma a registar o primeiro óbito devido à covid-19 (a 8 de abril de 2020) e ter estado à frente da Madeira em termos de casos positivos e de óbitos até ao final de 2020 [até dezembro já tinha contabilizado 22 mortes, enquanto que a Madeira 14], com a entrada do novo ano, os Açores conseguiram alterar por completo este cenário.

Em janeiro deste ano, a Madeira viu o número de infeções causadas pelo novo coronavírus subir vertiginosamente, posicionando-se à frente dos Açores com mais de 1.400 casos confirmados e, desde então, a tendência tem sido sempre de crescimento.

Em fevereiro foram mais de 3.300 casos e, no último dia de março, eram já mais de 4 mil os casos que separavam a nossa realidade com a açoriana.

A mesma subida começou a ser sentida também em relação à perda de vidas humanas.

A Madeira fechou fevereiro com 64 óbitos e os Açores mantinham-se nos 29.

Em março, o cenário não voltou a ser diferente, com a Região a terminar o mês com 71 mortes associadas ao SARS-CoV-2 e os Açores com 30.

Em termos de medidas restritivas, ambos os arquipélagos tomaram, praticamente na mesma altura, decisões muito semelhantes, embora, nas ilhas vizinhas, as regras mudem entre ilhas. São Miguel, por exemplo, onde têm surgido mais casos, é a ilha que mais tem sofrido com as restrições. Nesta Páscoa foi decretado recolher obrigatório a partir das 15h00 e a proibição da circulação entre concelhos. Na Madeira continuou o recolher obrigatório a partir das 19h00, nos dias úteis, e das 18h00 aos fins-de-semana.

Madeira à frente na vacinação

Se, no caso de novas infeções a Madeira passou à frente dos Açores, no processo de vacinação, a Região parece estar mais adiantada e são os números que o mostram.

Praticamente com o mesmo universo de população elegível para vacinação - a Madeira ronda os 206 mil habitantes, os Açores os 202 - a Região já tinha vacinado até 28 de março 46.037 residentes, sendo 30.426 vacinas foram relativas à primeira dose e 15.611 da segunda.

Sensivelmente à mesma data (30 março), o governo açoriano dava conta que já tinha administrado 43.812 vacinas, 28.376 das quais da primeira dose e 15.436 da segunda.

Nesta segunda-feira o Governo Regional da Madeira, através da Secretaria Regional da Saúde deu conta, no seu Boletim de Vacinação, que 88% das pessoas residentes na Região, com mais de 80 anos, já tinham recebido a primeira dose da vacina e 60% a vacinação completa (correspondendo a 6.683 pessoas). Informou ainda que, até 5 de abril já tinham sido administradas 48.501 vacinas, 31.630 das quais primeira dose e 16.871 da segunda.

Em contrapartida, o secretário regional da Saúde dos Açores, Clélio Meneses disse há dois dias, em declarações à comunicação social, que acredita que só será possível concluir o processo de administração da primeira dose aos grupos prioritários, até ao final deste mês de abril. Neste arquipélago, ao contrário do que já está a acontecer aqui, os professores não estão incluídos, para já, nesta primeira fase de vacinação contra a covid-19. O governo açoriano alega escassez de vacinas.

Lúcia M. Silva