Teófilo Cunha, secretário regional de Mar e Pescas, tocou, esta manhã, de forma subtil, no tema polémico dos 13 militares do navio de patrulha NRP Mondego da Marinha Portuguesa, que se recusaram a sair numa missão no último fim de semana, considerando que há dificuldades no que toca ao controlo da Zona Marítima da Madeira.

"Um país como o nosso com 900 anos de história e quase 600 anos de história marítima e andamos de costas voltadas, como temos andado, não pode acontecer", começou por dizer o governante, o qual discursava, a bordo do ferry Lobo Marinho, na cerimónia de assinatura de um protocolo de cooperação entre a Direção Regional do Mar e o Grupo Sousa, no âmbito do programa Escola Azul.

Destacando o facto de Portugal ter uma zona económica exclusiva com vários milhões de quilómetros quadrados - a terceira maior da União Europeia -, o titular da pasta do Mar defendeu, a esse propósito, a necessidade de maior controlo de forma a evitar complicações como as que foram verificadas recentemente.

"Por vezes, queremos ter a área, mas temos dificuldades em ir para o mar (…) Se queremos ter mais área, temos de ter os meios para lá chegar", sustentou, entendendo que só assim será possível evitar "problemas", referindo-se ao caso do incumprimento da missão do navio NRP Mondego.

II Encontro Regional da Escola Azul a 19 de abril

Já no que concerne ao protocolo de cooperação entre a Direção Regional do Mar e o Grupo Sousa, no âmbito do programa Escola Azul, que foi hoje assinado, trata-se de um documento que está relacionado com o apoio logístico e educativo do Grupo Sousa ao II Encontro Regional da Escola Azul, que decorre no dia 19 de abril, no Porto Santo, sob 'O Mar começa em Ti', que nasce de uma peça de teatro realizada pela Escola Azul 1°C/ PE do Boliqueime.

Além de uma tarifa especial no Lobo Marinho para os cerca de 350 jovens, professores e tentes da Universidade Sénior que vão participar na iniciativa, o Grupo Sousa vai promover ao longo do ano, para as Escolas Azuis, visitas ao navio, com passagens pela ponte e zonas técnicas como a sala das máquinas.

O II Encontro Regional Escola Azul começa logo à chegada ao Porto Santo, com uma atividade de plogging no percurso entre o ferry e o centro da Vila Baleira, recolhendo o lixo que forem encontrando. A abertura do evento decorre na Praça do Barqueiro, onde serão apresentados alguns dos trabalhos desenvolvidos pelas escolas aderentes, sobre a literacia do oceano.

O evento contemplará ainda a apresentação do livro ‘Porto Santo debaixo de Água’ e uma Cerimónia de Apadrinhamento da Praia das Fontainhas e uma ação de limpeza da referida praia e um abraço conjunto ao oceano. O Encontro termina com a colocação da Bandeira Escola Azul por parte de todos os estabelecimentos escolares participantes.

Na ocasião, a diretora Regional do Mar, Mafalda Freitas anunciou ainda a criação de um "pacote" que decorrerá durante este ano para as escolas azuis, cujo tema será ‘Profissões Azuis’. "Os alunos terão uma parte teórica na escola com pessoas ligadas às mais variadas profissões e depois irão ter uma atividade prática que poderá ser a visita aqui ao Lobo Marinho fruto desta parceria", explicou, referindo que o pacote inclui uma visita à lota do Funchal, aos laboratórios de Biologia Pesqueira da Direção regional do Mar e também duas atividades de pesca desportiva em colaboração com a Associação de Pesca da Madeira.

"O nosso objetivo é tirar as crianças da escola e aproximá-los do mar", reforça.

Por seu turno, o administrador do Grupo Sousa, comandante Pedro Amaral Frazão, usou também da palavra para defender mais ações desta natureza."É importante desde logo por aquilo que representa para os jovens pela sua proximidade ao mar. No fundo, aquilo que muitas das vezes se diz aliteracia do mar que é difícil de explicar, mas nada melhor do que embarcá-los e levá-los numa ação concreta, neste caso no Porto Santo", considerou.

Recorde-se que a Escola Azul é um programa educativo do Ministério da Economia e Mar que tem como por objetivo promover a Literacia do Oceano na comunidade escolar, criando gerações mais responsáveis e participativas, que possam contribuir para a sustentabilidade do Oceano.

Este programa distingue e orienta as escolas que trabalham em temas ligados ao mar, criando uma comunidade que aproxima escolas, setor do mar, indústria, municípios, organizações não-governamentais, universidades e outras entidades com papel ativo em Literacia do Oceano.

Na Madeira, a Escola Azul conduzida e dinamizada pela Direção Regional do Mar, contando já com um total de 50 estabelecimentos de ensino, envolvendo mais de 6.048 alunos e 64 professores

Bruna Nóbrega