O Partido Ecologista Os Verdes regozijou-se-se com o facto "do debate (e não manifestação) que promoveu em Lisboa, no passado dia 11 de março, em defesa do Geossítio do Paredão e contra a construção dos Teleféricos e Parque Aventura no Curral da Freiras, com oradores convidados da Madeira, ter servido de impulso para que a RTP Madeira promovesse também um debate sobre o tema, no programa "Interesse Público"."
Em comunicado de imprensa, o partido lamenta, no entanto, "que a RTP Madeira, contrariamente ao PEV, não tenha convidado um geólogo para este debate, especialista de maior importância na avaliação dos riscos que este megaprojeto acarreta para as populações do Curral, para os possíveis turistas, e para o Geossítio do Paredão, assim como um representante do PEV."
Os responsáveis e ativistas de Os Verdes/Madeira dizem, na nota enviada à redação, ter seguido "atentamente o referido debate e as várias ideias ali veiculadas e afirmações proferidas pelos defensores do Projeto, bem como outras feitas posteriormente nas comemorações do Dia da Freguesia do Curral das Freiras (divulgadas em diversos órgãos de Comunicação Social)", e que levaram o PEV a fazer diversas observações, que citamos abaixo. "Estas prendem-se, não só por ter sido diretamente focado nestes eventos, por intervenções provocatórias e desprezíveis por parte do presidente do Executivo de Câmara de Lobos (intervenção divulgada na Comunicação social), mas sobretudo por considerar que a mensagem do responsável da entidade promotora deste Projeto, o presidente do IFCN, vem acentuar ainda mais as preocupações de Os Verdes e consolidar a nossa oposição ao mesmo", refere o partido, clarificando que estas declarações "não esgotam os fundamentos d´Os Verdes contra este megaprojeto de Teleféricos e Parque Aventura no Curral das Freiras".
"1- Tanto o presidente do IFCN como o presidente da CM de Câmara de Lobos, no debate da RTP, como o Presidente da Assembleia Municipal, nas comemorações do Dia da Freguesia do Curral das Freiras, tentaram fazer passar a ideia que o Projeto terá grandes benefícios para a população e que nele reside a salvação miraculosa para o despovoamento que o local tem vindo a sofrer, e da qual os Governantes não estão isentos de responsabilidade. Depois deste debate, e a partir de situações anteriores, Os Verdes ficam ainda mais convictos de que o Projeto não vai em nada beneficiar o Curral e poderá trazer danos a longo prazo. Aliás, se o Projeto beneficiasse assim tanto as populações, não haveria justificação para o ter mantido no "segredo dos Deuses" durante tanto tempo. Relembramos que este só foi assumido pelos seus promotores aquando das publicitações das expropriações;
2 - O Presidente do IFCN deixou bem claro, logo no início da sua intervenção, a quem se destinava o Projeto, ou seja, aos turistas dos cruzeiros, "um turismo que passa algumas horas aqui na Madeira". E colocou a maior ênfase no teleférico de ligação do Paredão à Boca da Corrida no Jardim que considerou "constituir só por si uma atração". Para Os Verdes é muito claro que este teleférico de cabines de 50 pessoas, que irá rasgar os céus do Curral, consubstancia um enorme perigo em caso de acidente (e não seria o primeiro). Para o povoado do Curral não vai trazer o mínimo benefício, pois funcionará num ciclo de economia fechada, ligada a grandes interesses económicos de grandes operadores turísticos e grandes empresas de construção e manutenção que não existem em Portugal (barcos/autocarros/restaurante da Boca do Jardim e a própria construção e manutenção do teleférico que exige empresas de grande experiência a nível mundial);
3 - O Governo Regional parece não ter tirado lições da pandemia de Covid (os portos foram fechados e os cruzeiros parados) e as implicações que este tipo de situação tem sobre uma economia muito dependente deste tipo de turismo. Infelizmente, as probabilidades de situações como estas se repetirem são grandes. O Governo regional continua a apostar num turismo massificador que deixa a Ilha mais frágil em caso de "catástrofes", sejam elas as aluviões, os incêndios, as pandemias;
4- O proponente do Projeto é também o financiador de uma parte substancial do mesmo, isto é, o Governo Regional ou, melhor dizendo, os dinheiros públicos. Ficou claro da intervenção do Presidente do IFCN que afirmou que o Projeto será "essencialmente financiado pelo privado". Mas, essencialmente não é o todo, é uma parte do todo, neste caso os 31 milhões avaliados para financiar a construção. E o resto? Qual o valor do investimento público que já está a ser feito (expropriações, a compra da Casa no Curral, custos do EIA, etc.)? Sobre esta matéria, a resposta dada pelo Presidente do ICFN ao jornalista da RTPM é, no mínimo, insuficiente, ficando o ouvinte sem saber se é o custo total, ou o valor da compra da Casa no Curral, o que se assim for é ao nível dos valores de compra de casa em Lisboa!!!! Assim vai a transparência na gestão dos dinheiros públicos.
5 - Sobre o teleférico que pretende ligar o Curral ao Paredão, os defensores do Projeto pouco falaram, evitando responder às pertinentes questões, relativas aos riscos, levantadas pelo representante do Movimento "Ainda é possível parar a destruição", David Francisco. Assim, ficou à margem deste debate o tema principal: os grandes riscos que a construção e funcionamento deste teleférico acarretam. Nomeadamente os perigos que a obra implica com a sustentação dos seus pilares em zonas de grande risco erosivo.
6 - Sobre os "Parques Aventura" sabemos que a moda passa depressa e os estragos ficam. A sua atração e sustentabilidade económica são sempre muito limitadas no tempo. Os Verdes consideram que a Ilha da Madeira "ao natural" é o maior e mais raro Parque Aventura que se pode e deve oferecer aos turistas. O seu património natural e cultural (veredas, escarpas, levadas e paisagens marítimas e montanhosas) são uma grande e importante atração e deve ser protegida e gerida atendendo ao retorno para as populações locais e à preservação do futuro;
7 - Sobre as declarações do presidente da CM de Câmara de Lobos relativas ao Partido Ecologista Os Verdes, repetidas nas comemorações do Dia da Freguesia, o PEV considera que estas ficam mal a quem as profere e são reveladoras de um grande nervosismo. Nervosismo que deixa transparecer toda a dificuldade que tem em argumentar os benefícios do Projeto, levando a valer-se a uma velha técnica: passar ao ataque, recorrendo a um tema completamente alheio ao que está a ser tratado."
Mais acrescenta a mesma nota que o PEV fica disponível "para debater os caminhos para a paz na Ucrânia", pois "como é do conhecimento público, o PEV condenou a ação belicista da Rússia contra a Ucrânia desde o início. Sendo um partido de índole pacifista, o PEV tomou imediatamente posição contra esta situação, como tem tomado em relação a todos os conflitos a decorrer noutros pontos do Mundo. Os Verdes não descobriram agora, com a guerra na Ucrânia, os numerosos riscos do Nuclear e há muito que os tentam combater, mas primeiro desafiamos o Senhor Presidente para debater connosco o Projeto em apreço."