MADEIRA Meteorologia

Fogo pode ameaçar “relíquia” da floresta Laurissilva alerta especialista

Data de publicação
18 Agosto 2024
20:53

A professora catedrática na área da Biodiversidade e Ecologia na Universidade de Coimbra Helena Freitas manifestou-se hoje “muito apreensiva” com o incêndio na Madeira, que ameaça “a relíquia” da floresta Laurissilva, classificada como Património Mundial.

“É uma situação terrível. Será uma imensa tristeza se isto destruir a floresta Laurissilva porque de facto é uma preciosidade. É preciso que as pessoas também sintam que grande parte da economia e da viabilidade da Madeira é porque existe esta floresta”, assinalou esta tarde à Lusa, enquanto tentava avaliar a situação do fogo.

A professora salientou que se trata de um património completamente único que “mais ninguém tem desta dimensão” e vital para o futuro do arquipélago.

Helena Freitas realçou que a floresta, que ocupa cerca de 20% do território, cerca de 15 mil hectares, é que garante a humidade na ilha da Madeira.

“Quando pensamos nas levadas e nas visitas à Madeira, muito do turismo também resulta desta identidade, desta riqueza e deste caráter singular que a ilha tem”, sublinhou.

A docente, coordenadora da Cátedra UNESCO em Biodiversidade e Conservação para o Desenvolvimento, tem dúvidas sobre se será possível recuperar dos danos causados pelo fogo.

“Nem sei se podemos falar numa situação recuperável, mas de facto é um espólio muito singular. Estamos a falar de uma flora vascular e exuberante, com mais de mil espécies, em que cerca de 20% são completamente exclusivas da ilha da Madeira”, descreveu.

Helena Freitas destaca ainda a importância da floresta para suster a erosão de um relevo muito montanhoso, lembrando que a capacidade produtiva também depende dos solos. “Não há nada que não seja afetado com a perda da biodiversidade”, sublinhou.

A especialista alertou para necessidade de haver um empenho na conservação e proteção da floresta e, se for o caso, apostar no restauro, lembrando que o Governo aprovou a lei europeia desta área e que esta pode ser uma primeira atuação.

“Se colocarmos a Laurissilva no primeiro nível de intervenção e de proteção, eu ficaria muitíssimo satisfeita, pois considero que seria da maior oportunidade”, sustentou.

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