Filipe Sousa, presidente da Câmara Municipal de Santa Cruz, insurgiu-se, hoje, contra aquela que considerou serem "mentiras" apresentadas por Susana Prada, secretária regional do Ambiente e das Alterações Climáticas, na sequência da apresentação de números relacionados com a gestão de água potável no município.
"Fê-lo com mentiras, com o único objetivo de denegrir a forma e a imagem daqueles que governam responsavelmente esta autarquia", condenou o autarca numa nota enviada à redação.
Entre as alegadas "falsidades" apresentadas, o governante destacou a afirmação de que "Santa Cruz não tem diminuído as compras de água à ARM desde 2019".
"É totalmente falso na medida em que esses valores foram sempre decrescentes, ou seja (em milhões de metros cúbicos anuais): 9.6, 9.5, 9.2 e 9.1;", atestou.
A merecer igualmente a reprovação de Filipe Sousa está também as declarações da secretária que acusa igualmente o concelho de não ter "diminuído as perdas de água desde 2019.
"É também dito que o Município de Santa Cruz não tem diminuído as perdas de água desde 2019. Mais uma lamentável falsidade. Admitindo que a Dr.ª Prada se refere à Água Não Faturada (ANF), revela tremenda "confusão", para não chamar "má-fé", porque os valores foram os seguintes, mais uma vez de 2019 a 2022: 7.0, 6.9, 6.5 e 6.4.;", aditou o presidente, que sublinha que, em qualquer um dos casos, o seu município diminuiu sempre.
Com o objetivo de "deitar por terra estas mentiras descaradas", Filipe Sousa mais informou que, nestes três anos, o volume de ANF em Santa Cruz diminuiu 9%, praticamente igual aos 10% para a Região referidos publicamente por Susana Prada.
A tudo isto, o líder do município santa-cruzense ainda destacou "algumas estranhezas".
A primeira refere-se à declaração pública na qual é apontada que a "Região diminui perdas de água em 10%" e que o decréscimo de 10% é "na entrega de água aos municípios da Região", o que, ressalta Filipe Sousa, "são grandezas completamente distintas", destacando que "A entrega até pode ser maior e as perdas menores, desde que haja aumento do consumo".
Em segundo lugar, continua, "não conhecendo a Sra. Secretária os consumos e faturações do Município de Santa Cruz, como é que pode saber se as perdas aumentaram ou diminuíram? E mesmo assim afirma que aumentaram".
O autarca questiona igualmente, "porque é que a Sra. Secretária "inventa" um indicador de água entrada por habitante".
"Haver mais habitantes basicamente não diminui ou aumenta as perdas de água, cresce sim o consumo. Ao que parece, para atacar Santa Cruz vale mesmo tudo", atirou, indagando ainda o porquê de Susana Prada não ter feito uma advertência pública à gestão da ARM no Município de Machico já que, segundo o respetivo Relatório e Contas, apresenta um valor anual de 15651 m3/km de ANF, "muito acima da média (9032 m3/km) da ARM e, curiosamente, também superior ao de Santa Cruz".
Por fim, Filipe Sousa questiona a razão pela qual o gráfico que acompanhou as mesmas declarações públicas, começa em 2013. "Será apenas coincidência com a data da mudança política que ocorreu democraticamente em Santa Cruz?", lamenta, denotando que, no que concerne à variação da percentagem de ANF ao longo do tempo e desde 2010, o maior crescimento deu-se de 2010 a 2013, quando o PSD estava na gestão municipal de Santa Cruz.
"Note-se que o volume de água não faturada cresceu, nesses 3 anos, 28%(!), ou seja, a uma taxa anual de quase 9%(!)", continuou, destacando ainda que atualmente a percentagem de água não faturada é a mesma de 2013.
"Para além de tudo isto, também não se pode esquecer que a ARM dispõe de apoio massivo do Governo Regional e de uma distribuição de fundos europeus e do PRR "à sua medida", discriminando, a todos os níveis, o Município de Santa Cruz", aditou ainda,
O presidente santa-cruzense mais recorda que, apesar da vontade de ver mitigada "a grave situação das perdas de água (transversal a toda a Região)", o município que encabeça tem tomado diversas medidas extensivas ao concelho, mas ainda não dispõe de capacidade de investimento para concretizar o que já foi efetuado em Gaula, ou seja, a implementação de um Projeto de Redução de Perdas.
Mais sublinha que, nessa zona-piloto, foi conseguida uma redução de 2/3 das perdas de água, com um indicador de ANF em extensão da ordem de metade da média da ARM, valor melhor do que em 4 dos 5 concelhos sob sua gestão.
"E se o Governo Regional tivesse tido um mínimo de espírito de colaboração nesta área decisiva para a sustentabilidade ambiental e financeira, nomeadamente através de Contratos-Programa ou fundos do PRR, não se estaria agora muito melhor, em benefício da Região e dos seus habitantes?", atirou ainda.
Perante tudo isto, Filipe Sousa deixa uma sugestão final em forma de questão a Susana Prada: "Que tal falar a verdade ao Povo, neste caso e em especial ao de Santa Cruz?"
Redação