A candidata do PTP à Câmara do Funchal criticou hoje o executivo madeirense por pretender construir mais dois campos de golfe numa época de crise habitacional e disse que o candidato do PSD/CDS-PP é o “mais cinzentão” de sempre.

“O Partido Trabalhista Português quer ser uma voz clara, justa e digna no meio desta loucura coletiva em que se transformou a política na Madeira, em que os nossos governantes se dão à audácia de, no meio da maior crise de habitação e de mobilidade que enfrentamos, não só no concelho do Funchal, mas um pouco por toda a Madeira, anunciar [...] mais dois campos de golfe”, disse Raquel Coelho.

A cabeça de lista do PTP, também líder nacional do partido, falava no âmbito de uma ação de campanha nas zonas altas do concelho, junto ao Hospital dos Marmeleiros, na freguesia do Monte, uma das dez que compõem o município do Funchal, o mais populoso da Madeira, com 108.129 habitantes (dados oficiais referentes a 2024).

Raquel Coelho criticou o Governo Regional PSD/CDS-PP por pretender avançar com a construção de dois novos campos de golfe, em Santana, no norte da ilha, conforme indicou o presidente do executivo, o social-democrata Miguel Albuquerque, em declarações à Antena 1 na quarta-feira.

“Precisamos de alguém com sensatez, uma voz sensata que, de facto, ponha juízo na política madeirense e no próprio marasmo em que as pessoas se encontram”, defendeu Raquel Coelho.

A cabeça de lista do PTP disse ainda que, depois das operações judiciais de 2024, em que Miguel Albuquerque foi constituído arguido, mas depois venceu duas eleições regionais antecipadas, o PSD voltou a sentir-se impune.

“O PSD voltou àquela era da impunidade completa, em que acha que pode fazer tudo e mais alguma coisa que as pessoas vão votar neles”, disse.

Raquel Coelho criticou, por outro lado, o candidato da coligação PSD/CDS-PP à Câmara do Funchal, Jorge Carvalho, que foi secretário regional da Educação, Ciência e Tecnologia nos últimos dez anos, considerando que “não tem ideias, nem propostas”.

“Ele limita-se a replicar tudo aquilo que o doutor Miguel Albuquerque diz. É o candidato mais cinzentão que o Funchal já alguma vez teve. Nem demagogia ele é capaz de fazer”, afirmou.

Nesta iniciativa de campanha junto ao Hospital dos Marmeleiros, a candidata do PTP focou a questão da mobilidade, dizendo que constitui um dos maiores problemas das zonas altas.

“Temos graves problemas de acessibilidade nas zonas altas [...], não há estacionamentos, não há acessos convenientes”, sustentou, defendendo que “têm de ser criadas condições por parte da Câmara Municipal do Funchal para resolver estes problemas de acessibilidade e de falta de estacionamento”.

Raquel Coelho insistiu na proposta do PTP para a construção de um metro de superfície no Funchal e sugeriu que o dinheiro previsto para os novos campos de golfe seja canalizado para a área da mobilidade.

“O golfe é um desporto que não tem nada a ver com os madeirenses”, argumentou.

O Funchal é o concelho do país com mais candidaturas à Câmara Municipal: 14.

O atual executivo, chefiado por Cristina Pedra, é composto por seis vereadores da coligação PSD/CDS-PP e cinco sem pelouro da coligação Confiança, liderada pelo PS.

Nestas eleições autárquicas, candidatam-se à Câmara do Funchal Paulo Azevedo (Nova Direita), Mónica Freitas (PAN), Marta Sofia (Livre), Luís Filipe Santos (Chega), Rui Caetano (PS), Miguel Pita (ADN), Fátima Aveiro (JPP), Raquel Coelho (PTP), Válter Rodrigues (MPT), Jorge Carvalho (coligação PSD/CDS-PP), Ricardo Lume (CDU – coligação PCP/PEV), Sara Jardim (IL), Liana Reis (RIR) e Dina Letra (BE).