Escultor Francisco Simões reage "preplexo" a remoção da estátua de Camilo
Após ter surgido uma petição que apela à retirada da escultura da autoria de Francisco Simões do Largo Amor de Perdição, no Porto, o escultor reagiu "preplexo" a este abaixo-assinado e à atitude da Câmara Municipal do Porto e do seu presidente, Rui Moreira.
Esta quinta-feira, o jornal Público noticiou que 37 signatários, entre os quais artistas, curadores, advogados e políticos, pediram ao presidente da Câmara Municipal do Porto que fosse removida a denominada Estátua de Camilo, da autoria de Francisco Simões, do largo junto à antiga cadeia, por esta representar "desgosto estético" e "desaprovação moral". O exemplar é, inclusivamente, intitulado como "mais ou menos pornográfico".
Na sequência do apelo, o autarca reencaminhou a carta enviada pelos signatários da petição ao vereador do Urbanismo, Pedro Baganha, com uma nota escrita pelo próprio, que dizia: "Não tendo havido qualquer deliberação municipal para erigir tão deselegante obra, e concordando com o que tão ilustres cidadãos nos suscitam, solicito que se proceda à remoção daquele objeto, que deverá ficar nas reservas municipais".
"Presidente trata a estátua como trata o futebol"
Francisco Simões, que instalou, no Funchal, o Centro das Artes Francisco Simões, na Quinta da Alegria, em São Roque, reagiu com preplexidade à atitude da autarquia. Em declarações à RTP, o escultor afirmou “não entender o senhor presidente da Câmara, que trata a estátua como trata o futebol", e lamentou que ninguém da Câmara Municipal do Porto o tivesse contactado perante esta situação. “Ninguém me contactou. O senhor presidente devia ter tido essa sensibilidade”, disse o autor da obra.
Cumpre recordar que esta obra, oferecida por Francisco Simões, foi inaugurada em 2012, no ano em que se celebraram os 150 anos da publicação do romance 'Amor de Perdição' de Camilo Castelo Branco. À data, a autarquia era presidida por Rui Rio.
Por sugestão da Comissão de Toponímia, lembra o JN, o espaço junto à Cadeia da Relação passou a chamar-se Largo do Amor de Perdição.
Nova petição pela não remoção da Estátua de Camilo
A polémica está a dividir opiniões e a prova disso é a criação de uma nova petição que exige que a estátua permaneça no mesmo local. Por esta altura, com 3.213 assinaturas, a petição é dirigida à Presidência da Câmara Municipal do Porto, ao ministro da Cultura, ao primeiro-ministro, ao presidente da Assembleia da República e ao Presidente da República, e argumenta que o facto de o "homem estar vestido e a mulher estar nua, não tem que parecer, só agora, ao fim de 11 anos, que se trata de uma humilhação da nulher desnuda em favor de um homem vestido". "Não pareceu na altura, não parece hoje", lê-se.
O autor da petição, que não está identificado, pede "para ser mantida no local em que está a referida estátua". Isto, também, para "não haver vontades de começar a remover ou esconder outras".