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É tempo de voltar e arriscar

    JM-Madeira

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    Data de publicação
    13 Setembro 2021
    5:00

    D

    epois de meses de ‘confinamento da cultura’, é tempo de arrancar em força com as novas temporadas artísticas para plateias mais completas. Pelo menos é esse o desejo dos profissionais do teatro com quem o JM esteve à conversa, que reconheceram que há que arriscar e retomar a programação cultural, sem nunca descurar as medidas de segurança.

    É o caso de Eduardo Luiz, encenador de peça ‘Atores e Piolhos com nãque nãque’ da ATEF – Associação Teatro Experimental do Funchal, que anseia por voltar ao palco com a segunda temporada do seu espetáculo, agendada para outubro.

    “A nossa expetativa é a de que, dada toda esta melhoria a nível do covid, possamos ter mais público, respeitando todas as regras que já conhecemos, porque temos de voltar. Temos de estar em palco e de representar, porque não sabemos como vamos avançar se não fizermos espetáculos. Temos de acreditar e arriscar nos próximos tempos”, apelou, não deixando, no entanto, de reconhecer que a restrição a 2/3 da lotação dos teatros continua a ser limitante, tendo em conta as perdas que o setor registou no último ano e meio.

    “Quanto menos espetadores conseguirmos ter numa sala, menos financeiramente lucramos com isso e aí o prejuízo advém porque temos muita gente para pagar. Não só os atores, como os técnicos. Temos sempre muitos gastos”, apontou Eduardo Luiz.

    Todavia, no entender do criador, felizmente já há uma maior consciencialização para as medidas que devem ser cumpridas nos espaços culturais, daí que considere que os teatros são, hoje, locais onde o público pode estar “à vontade e descontraído”.

    “Esperemos que [os espetadores] possam vir e que a desculpa não seja essa. Uma sala de espetáculo é tão ou muitíssimo mais segura do que um avião ou um autocarro, porque tem uma forma de dispor das pessoas nos seus lugares, de entrar e de sair, com os espaçamentos necessários e com todos os cuidados para que o espetáculo resulte e não afete os espetadores”, notou, revelando ainda que, para além dos espetáculos, a ATEF irá também retomar a formação e as exposições na sua galeria.

    Da ansiedade ao otimismo

    Laura Aguilar, que se estreia como encenadora com a peça ‘Pedro Bond: um novo espião’ já no próximo dia 22 de setembro, mostra-se igualmente convicta de que o público tem todos os motivos para se sentir seguro no teatro.

    “Acho que é um ambiente seguro, porque é um ambiente controlado. Os teatros tiveram muito tempo fechados e as pessoas sentem falta de ir e de ver coisas a acontecer. Tenho muita confiança de que vai correr muito bem e acho que também precisamos um bocadinho disso”, começou por afirmar a profissional.

    Apesar das incertezas e receios que pautaram o processo criativo, é na esperança que a encenadora se refugia até ao momento do ‘primeiro subir ao palco’, admitindo contar com sala cheia, dentro dos limites existentes.

    Aliás, recordando que até há pouco tempo eram apenas permitidas cinco pessoas por espetáculo, independentemente da dimensão da sala, Laura Aguilar sublinhou que a possibilidade de assistirem ao espetáculo 2/3 da lotação do teatro “já é ótimo” e que irá aproveitá-la ao máximo. “Sou a favor das medidas de contenção da pandemia e acho que não podemos também abrir tudo e deixar que tudo aconteça”, acautelou.

    Quanto à estreia que se aproxima, a profissional revelou existir muita ansiedade e nervos à mistura, mas também otimismo. “É impossível prever se vamos conseguir fazer o espetáculo ou se, entretanto, as restrições de lotação da sala vão alterar. Mas temos trabalhado para que tudo aconteça nas datas que estão previstas”, disse.

    Sinais de esperança

    Quem também não se deixa levar pelos medos que subiram ao palco com a chegada da covid-19 é Élvio Camacho, ator do Teatro Feiticeiro do Norte, que realça que por estes dias o mundo do espetáculo tem andado mais animado.

    “Durante este mês, estamos já com acolhimentos no Balcão de Cristal, o que é um sinal de esperança”, apontou, contando ainda que se deparou recentemente com casa cheia numa peça a que foi assistir ao Teatro Baltazar Dias, o qual já iniciou a sua temporada artística de 2021/2022, que conta com cerca de 70 espetáculos.

    “Estriámos um espetáculo do Feiticeiro do Norte em junho e a sala ainda estava a meio gás. As limitações em junho também eram outras, mas sente-se que agora que há um sinal. Vamos ver ser não é só o vir à tona. Temos de estar preparados para tudo”, acrescentou o artista, lamentando que ainda exista “alguma resistência”, sobretudo de algumas escolas e centros de convívio e comunitários em regressar ao teatro. “Há mais dificuldade neste momento em mobilizar pessoas para sítios fechados, mas há sinais de esperança”, reiterou.

    Quanto à nova temporada do Balcão Cristal, Élvio Camacho salientou que o maior desafio tem sido sobretudo a reprogramação dos espetáculos e artistas cancelados no ano passado, já que é muito o trabalho que se acumulou.

    “O trabalho de reprogramação foi muito complicado. Não é ideal esta concentração, mas estamos a fazer tudo, porque há compromissos e dinheiro em jogo. Estamos a fazer o possível, mas trabalho não falta”, assinalou, aditando ainda que a possibilidade de ter 2/3 de ocupação da sala já “é bom e está a caminho de qualquer coisa mais digna para todos”.

    Por Edna Baptista

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