MADEIRA Meteorologia

Artigo de Opinião

JM-Madeira

28/01/2023 08:00

Maria Virgínia foi diretora da RTP Madeira na década de 80, do século passado.

Mulheres houve que tiveram estatuto de jornalistas. Maria Virgínia foi uma delas, isto numa época em que o mundo era maioritariamente dominado pelos homens. Ela soube impor-se quebrando tabus, acabando com conceitos e preconceitos e ultrapassando barreiras, para ser ela própria - uma jornalista com J grande, que escrevia a verdade e só a verdade, tratando as palavras por tu.

Era um ser humano fantástico, alegre, divertida, entusiasta, sonhadora e despida da maldade humana.

Como diretora desejava o melhor para todo o seu staff, dizia que "funcionários tristes e amargurados não rendiam profissionalmente", e tudo fazia para os ver bem e felizes.

Maria Virgínia de Aguiar nasceu no continente português, num dia de agosto, dum ano por inventar. Fez os seus estudos em Portugal, tendo mais tarde frequentado a Sorbonne, a mítica universidade parisiense. Também esteve em África, local que guardava belas recordações dos cheiros e das cores ímpares.

Foi das primeiras jornalistas no nosso país, tendo passado por jornais e pela agência noticiosa portuguesa - a ANOP - onde viria a ser destacada para a Região Autónoma da Madeira, como diretora.

Daí transitou para a RTP Madeira, onde foi encontrar uma empresa completamente desmembrada. Tentou e acabou por arrumar a casa, criando um organigrama, colocando as pessoas da televisão regional nos devidos setores.

As instalações da então RTP Madeira, situada na Rua das Maravilhas nº 42, eram demasiado exíguas para o funcionamento normal na elaboração/execução de programas e informação de âmbito regionais, carecendo dum novo espaço, e foi ela, a Maria Virgínia, a impulsionadora do Centro da TV na Madeira que é hoje a casa da RTP Regional.

Conversar com a Maria Virgínia era certo e sabido que iríamos ter uma noite/madrugada de vigília. Escritores, realizadores, poetas, pintores, atores, eram muitas das suas temáticas, incluindo o ballet, a ópera, o cinema e claro está a atualidade.

Ia de Alain Resnais a Fassbinder, de Luís de Buñuel a Fellini, de Pasolini a Luchino Viscontti, de Antonioni a Victorio de Sica, lembrando os cineastas franceses, muito em voga nos anos 60 e 70, e ainda os outros famosos de todo o mundo.

As incursões por Carl Orff e a sua Carmina Burana; o "Lagos dos Cisnes" com música de Tchaikovski; "A Carmen" de Bizet…, enfim..., eram temas trazidos à tona por esse poço de sabedoria, aliado ao facto de ter o dom da conversação, que faziam dessas noites/madrugadas mal dormidas, um verdadeiro bálsamo, às nossas almas.

Passados cinco anos após a sua morte (28 de janeiro de 2018) ainda hoje trago nos meus ouvidos as gargalhadas cristalinas da Maria Virgínia.

OPINIÃO EM DESTAQUE

88.8 RJM Rádio Jornal da Madeira RÁDIO 88.8 RJM MADEIRA

Ligue-se às Redes RJM 88.8FM

Emissão Online

Em direto

Ouvir Agora
INQUÉRITO / SONDAGEM

Concorda com a mudança regular da hora duas vezes por ano?

Enviar Resultados
RJM PODCASTS

Mais Lidas

Últimas