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Artigo de Opinião

Coordenadora regional do Bloco de Esquerda

4/10/2022 08:00

Com uma política e uma classe empresarial que privilegia os baixos salários, a isto acresce outra dura realidade: 1 em cada 10 trabalhadores do nosso país leva para casa, no final do mês, pouco mais de 540€, vivendo abaixo do limiar da pobreza. Só este facto de per si, divulgado pela Pordata, em 2021, devia envergonhar os Governos nacional e regional e calar todos os inflamados populistas que ergueram a bandeira do Rendimento Social de Inserção como o grande mal da nação. Estranho, ou talvez não!, é não expressarem o mesmo grau de exasperação quanto à subsidiodependência da nossa classe empresarial.

À custa da inflação, a Galp, a EDP, a Jerónimo Martins e a Sonae (para só citar as mais marcantes), duplicaram e triplicaram os seus lucros em milhões de euros e preparam-se para distribuir por accionistas dividendos e mais-valias que resultaram de movimentos especulativos e no empobrecimento acentuado e abrupto da nossa população. Será injusto aplicar um imposto sobre os ganhos excessivos, quase escandalosos, do sector energético e da grande distribuição? Até a maior economia europeia o faz. Porque se recusa o Governo fazê-lo?

À custa da inflação, os Governos central e regional acumulam receita fiscal não prevista de milhões de euros, mas pouco ou nada fazem para auxiliar famílias e pensionistas. E se um dá uma esmola, o outro faz-se de morto. Porventura para depois apresentar como seu o pouco que agora se dá, ou acrescentar alguns cêntimos que o colocam à frente. Nada de anormal: basta ver o primeiro ano de governação PSD, agora sem o CDS, na Câmara do Funchal.

Não pode ser sempre o salário de quem trabalha ou a pensão de quem trabalhou toda a vida a pagar todas as crises. Demais é demais! Existe alternativa. Existem outras formas de combate a esta inflação. Haja vontade e coragem políticas para as colocar em prática.

É urgente travar esta escalada de preços que já fez subir o preço do cabaz alimentar essencial em 12%. Basta ir ao supermercado e virmos que tudo está cada vez mais caro. Se foi possível controlar preços durante a pandemia agora também é possível fazê-lo.

E quando tudo aumenta desta forma brutal, é imprescindível aumentar salários e pensões, que permitam a quem trabalha ou a quem vive da sua pensão a dignidade de colocar comida na mesa, durante o mês inteiro. As e os portugueses não precisam de uma esmola, precisam sim de um salário que lhes permita uma vida digna.

Podemos usar os instrumentos que a autonomia já nos dá para baixar as taxas de IVA e para aumentar o salário mínimo regional. É possível baixar o IVA da electricidade e do gás - nos Açores é feito, aqui não. Porquê? Podemos alargar os limites dos escalões de abono; tornar a creche gratuita para as nossas crianças e passes gratuitos para todos os estudantes. A tarifa social da luz e da água deve ser automática e alargada a famílias com rendimentos mensais inferiores a 1.800 €.

No entanto, o Governo regional opta por manter as pessoas de mão estendida, obrigando-as a pedir, a desesperar com a burocracia e com a espera de uma resposta dos serviços que analisam os processos.

As famílias precisam de respostas já. Haja acção política e menos propaganda de uma mão cheia de nada.

Nota:

No melhor mês de sempre, do melhor ano de sempre, soubemos que, pela calada da silly season, a ACIF outorgou um contrato colectivo de trabalho para o sector do comércio e empregados de escritório com um sindicato que, segundo o SITAM, não tem associados nem representação na Madeira, prejudicando centenas de trabalhadores e retirando rendimento aos "extraordinários" ordenados mínimos que a maioria deve receber. Uma atitude que denota má-fé e cobardia. E os senhores empresários? revêem-se nesta atitude vergonhosa?

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