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Artigo de Opinião

Subdiretor JM

1/10/2022 08:05

Há quem diga que a maledicência é uma arte. Bem, se assim for, há alguns mais artistas do que outros, com talento suficiente para, por exemplo, transformar um diamante num dejeto fossilizado. O contrário, bem, é mais difícil porque temos mesmo propensão para o pessimismo.

Naturalmente que há sempre quem ‘engula’ a mensagem mesquinha de imediato, enquanto outros, embora ainda questionem, acabam depois por se transformarem em mestres na transmissão da doutrina da maledicência.

É a vida! Dizem todos os que andam por aí. Mas não deveria. Porque a alegria advinda do mal dos outros configura um transtorno de personalidade, uma patologia que não pode ser vulgarizada, e são cada vez mais os que se apressam a menosprezar o mérito dos outros. Uma espécie de oportunistas patológicos, cada vez mais em voga, que ficam à espreita da oportunidade de ‘enterrar’ quem se limitou a cair.

Hoje, por exemplo, o novo passatempo nacional parece ser espezinhar um dos maiores símbolos da história do País, Cristiano Ronaldo. E logo no único momento da sua carreira em que precisaria, eventualmente, de apoio para recuperar o ânimo perdido.

É inquestionável que Ronaldo atravessa um mau momento. Que já não tem a potência de outros tempos, que necessita do coletivo para sobressair individualmente. Tudo certo. Mas é abusivo - até ofensivo - considerar que todos os problemas da seleção derivam do seu menor rendimento.

O problema da seleção não é Cristiano Ronaldo, não obstante já não ser capaz de sozinho ser a solução para todas as equações como acontecia muitas vezes no passado. O dilema é, sim, percebermos que Portugal, hoje, não se resume a um dos maiores de sempre, porque tem jogadores de nível mundial de sobra, mas continua a jogar como uma seleção de segunda linha apesar de dispor de ‘ferramentas’ de primeira. Por outras palavras, joga demasiado baixo… ao nível das críticas apontadas ao capitão.

Na verdade, o jejum de Ronaldo - e a birra que fez durante o defeso - até parece dar jeito à classe política, porque nos distrai das (in)decisões que custam milhões ao erário. Como no caso do aeroporto. Décadas depois de termos percebido que precisávamos de um novo aeroporto em Lisboa, ficou decidido encomendar um novo estudo, empurrando a questão para a frente.

Aliás, no plano da mobilidade aérea, o verbo ‘empurrar’ faz parte do léxico do País. Viajar de e para as ilhas continua a não estar ao alcance de qualquer um. Portanto, quem nos visita pode sempre aproveitar para conhecer outro país antes de aterrar na Madeira, pois arrisca-se a pagar menos. No Porto Santo, o contrato de concessão da ligação aérea volta a terminar fora de prazo. E enquanto não for conhecido novo concessionário, a Binter, atual concessionária, já avisou que não há reservas para ninguém.

Na Zona Velha, continuam os ‘voos noturnos’ que atormentam moradores. Já a inflação, essa, ‘voa’ por todo o lado, criando problemas como nunca a quem nem se atreve a sonhar apanhar um qualquer avião para outras paragens. Porque a vida não está para sonhos e as compras básicas são inadiáveis. Neste caso, para os menos afortunados, o verbo ‘empurrar’ também faz sentido. Só que as contas que voam acabam sempre por cair, mais cedo ou mais tarde.

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