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Artigo de Opinião

23/09/2022 08:00

Não vou opinar sobre o que aconteceu, pois caberá à escola e à Inspeção Regional de Educação apurar os factos e atuar em conformidade.

Todavia, preocupa-me algumas manifestações xenófobas a que assistimos na nossa sociedade. Não é a regra entre o nosso povo, mas ocorre e em todas as dimensões da nossa vida. É uma realidade que está aí e que não vai desaparecer pelo facto de a negarmos. Aliás, será bem pior não a olharmos de frente, pois tenderá a escalar.

A xenofobia e a discriminação assentam na alegada superioridade de um determinado grupo de humanos sobre outro ou outros. Um disparate irracional. Um absurdo ignorante. Um anacronismo que já todos deveríamos ter ultrapassado. Todavia mantém-se aí, em todos os níveis e esferas da sociedade e até na política, conforme se viu há pouco tempo, quando um deputado socialista teve uma reação xenófoba contra um seu colega de outro partido.

Infelizmente não a conseguimos ainda erradicar da nossa sociedade e da nossa cultura. Criámos leis, elaborámos planos, constituímos estruturas, nomeámos comissões, mas não expurgámos esse mal que continua a proliferar entre nós. Esse veneno que nos corre nas veias. Esse tumor que nos adoece e que nos mata!

A segregação, a discriminação, a estigmatização, o discurso de ódio, parecem mesmo ganhar força entre nós. E parece não haver forma de quebrar esse ciclo que vai provocando vítimas diariamente. Na escola, no trabalho, nos cafés, nos bancos, nos jardins, em todo o lado!

Já escrevi nestas páginas: sou daqueles que não se revê na ideia de um Portugal racista, porque o racismo é uma característica iminentemente pessoal e individual, que não pode ser generalizada a povos. Todavia, continuam a existir demasiadas pessoas que são racistas e xenófobas. E temos de ser capazes de mostrar o absurdo de uma e outra posição. Temos de quebrar esse discurso, punir o incitamento, combater a exclusão. Temos de ser mais exigentes, connosco, com os outros, com o Estado! Temos de impedir que a xenofobia continue a fazer vítimas e frature a sociedade. Porque o mundo que se está a construir, o mundo global, não se compadece com esse tipo de sentimento ou padrão arcaico. Vivemos uns com os outros, uns para os outros. Vivemos em relação. O mundo do futuro é o mundo de muitas cores, diferentes línguas e sotaques, culturalmente poliédrico. É esse mundo que está em perspetiva e nós, portugueses, temos de ser capazes de o encarar despidos de preconceitos. Mas para isso, finalmente, temos de saber dizer basta!

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