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Artigo de Opinião

Psiquiatra

10/08/2022 08:00

Quando nos referimos a depressão em linguagem corrente, na verdade estamos a referirmo-nos à Perturbação Depressiva Major. Assim, a "depressão" não é um estado, é uma doença.

Os mitos pendentes sobre a depressão são:

- Ansiedade e depressão são a mesma doença

- A depressão pode curar-se de um dia para o outro

- A medicação faz efeito rápido

- Posso parar a medicação logo que me sinta bem

- Todos os que tomam medicação, conseguimos perceber quem são. Estão drogados ou babados.

A ansiedade e as perturbações de ansiedade são diferentes das Perturbações Depressivas. Caracterizam-se sobretudo pela ansiedade intensa de diferentes formas. No entanto, manifestam-se muitas vezes em conjunto com as perturbações depressivas. A ansiedade como sintoma, é muito frequente em múltiplas doenças psiquiátricas, incluindo as mais graves.

A depressão não se cura de um dia para o outro. Ainda assim, existe um fármaco "novo" que reduz os sintomas de forma significativa em poucas horas, e é uma referência internacional nos casos mais graves. Apesar deste reconhecimento e de já estar em utilização em vários países europeus, no nosso país continua a aguardar aprovação do INFARMED. Mas, mesmo com este novo fármaco, a depressão não se cura de um dia para o outro. Nem quando recebemos prendas ou ficamos alegres porque se resolveu algum problema. Se a pessoa fica bem, não era uma depressão (Perturbação Depressiva Major). Era um outro estado depressivo por identificar. A depressão, é uma doença grave, que altera as nossas memórias e a forma como vemos a nossa vida, os outros e o futuro. Altera o nosso cérebro, mesmo modificando a sua espessura em diferentes regiões. Assim, também demora a conseguirmos recuperar a forma saudável do nosso cérebro e a forma como vemos a realidade. É importante enfrentarmos a doença e procurarmos a cura, como em todas as doenças. E saber que demora o seu tempo.

O maior problema no tratamento da depressão são as pessoas que param a medicação antes do tempo. Sentem-se bem passado 1-2 meses de tomarem medicação e param. Esqueceram-se do sofrimento que tiveram e por isso, esquecem-se de continuar a medicação. Infelizmente esta prática leva a aparecerem novos episódios na grande maioria das pessoas em menos de 6 meses e em alguns casos mais raros, à perda de eficácia da medicação. Fazer o tratamento correto é o mínimo que devemos fazer pela nossa saúde. É fácil esquecermo-nos da bênção que foi receber a ajuda da medicação quando estamos bem. Mas pelo bem do futuro, não pare, nem aconselhe ninguém a parar a medicação antes do tempo que o profissional de saúde determinar.

Ao contrário do mito final, a maior parte das pessoas que tomam medicação não é possível sabermos que o fazem. Só quando por alguns motivos precisam de medicação mais sedativa ou fazem mau uso da mesma, é que se nota no olhar ou nos movimentos faciais que tomam medicação. Esse não é o objetivo do tratamento e se acontecer, espera-se que seja apenas temporário. Se a pessoa ou a família sente que alguma coisa não está bem, devem falar com o seu médico e em conjunto procurarem alternativas. Só em casos raros é necessário manter medicação que provoca efeitos secundários que diminuem a qualidade de vida - sedação, aumento de peso, impotência sexual, entre outros. Na maior parte dos casos é possível ultrapassar a doença, os efeitos secundários e permitir à pessoa recuperar e melhorar a sua qualidade de vida.

Na presença dos sintomas graves de depressão, deve procurar ajuda profissional. Não adie e não deixe o seu familiar adiar. O tratamento adequado salva inúmeras vidas.

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