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Artigo de Opinião

Presidente da Delegação Regional da Madeira da Ordem dos Psicólogos Portugueses

26/05/2022 08:01

Uma das características centrais da nova realidade que vivemos é o facto de a utilização da máscara remeter agora ainda mais para a gestão de cada indivíduo. Se antes a máscara era para ser usada de forma generalizada, e portanto a mensagem era simples, agora a sua utilização ocorre nuns contextos e não noutros e depende da avaliação individual, do grau de convivência com o risco, ou ainda de forma obrigatória ou facultativa, dependendo da situação epidemiológica do momento.

Uma realidade que requer o ajustamento contínuo do comportamento é mais complexa, já que invoca a interação de múltiplas dimensões psicossociais que estão na base do comportamento de cada um. No entanto, alguns aspetos podem contribuir para alguma confiança e adaptação a esta nova circunstância.

Desde logo, podemos invocar os princípios de que a exposição leva à habituação e de que o comportamento é aprendido. Isto significa que, do mesmo modo que incorporamos a máscara no nosso dia-a-dia, também podemos perder esse hábito e ganhar outro, nomeadamente o de colocar e retirar a máscara conforme necessário. Poderá não ser de um dia para o outro, mas é já visível a instalação de um novo padrão de comportamento.

Em segundo lugar, sabemos que o nível de proteção em relação ao vírus é hoje superior, nomeadamente devido ao sucesso do processo de vacinação ou do tipo de circulação do vírus, o que nos dá maior margem de manobra. Estamos hoje mais bem preparados porque o vírus tem hoje uma natureza, um impacto e uma presença na comunidade que são diferentes. E, como também sabemos, a ideia de só avançarmos se o risco for zero será sempre inviável. Não só porque não é possível vivermos uma realidade sanitizada, digamos, como tal poderá ter impactos negativos na própria saúde. Se só deixássemos de utilizar máscara quando o risco fosse zero, andaríamos de máscara para sempre. Acresce ainda o que significa a limitação da interação social em certos períodos do desenvolvimento, por exemplo a infância.

Por fim, se o sucesso de qualquer medida depende do comportamento das pessoas, e se estamos agora numa realidade em que o nível de responsabilidade individual é superior, é importante assinalar a importância da continuidade da aposta na comunicação em saúde e nos elementos de contexto que favorecem o comportamento. Desenhar intervenções sabendo como os seres humanos funcionam é sempre uma boa estratégia. Certamente que, por exemplo, fornecer às pessoas um racional das medidas e aquilo que podem esperar e que devem fazer, incluindo criar pistas e colocar mensagens estrategicamente, favorece a gestão do risco, a perceção de controlo e assim menor ansiedade. Na prática, contribui para que possamos continuar com a nossa vida, contribuindo para a saúde pública e a proteção de todos.

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