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Artigo de Opinião

Comunicação - Assuntos da UE

1/12/2021 08:03

As Nações Unidas estimam que, em 2021, morreram ou estão desaparecidas 1.600 pessoas no Mar Mediterrâneo. Por sua vez, a Organização Internacional para as Migrações (OIM) acredita que nos últimos oito anos, 23.000 migrantes tenham perdido a vida enquanto tentavam chegar à Europa vindos do Norte de África. São números aterradores... Mas ninguém está a prestar muita atenção.

Durante a licenciatura em jornalismo falaram-nos acerca do impacto das notícias de proximidade. Que um atentado terrorista na Síria que mate 3.000 civis não tem o mesmo impacto para alguém a viver em Coimbra do que um atentado terrorista em Londres que matou 13 pessoas. São vários factores que influenciam esta "desconexão’’ emocional: não é na Europa; é lá longe; é mais comum haver atentados terroristas na Síria do que em Londres; identificamo-nos mais com os civis em Londres porque vivem um estilo de vida mais próximo do nosso; porque se calhar já visitamos a capital do Reino Unido; e por aí vai.

Mas as vidas perdidas de qualquer civil, seja na Síria, em Londres ou no Mar Mediterrâneo, são sempre uma grande perda. O tráfego de migrantes tem aumentado em todas as rotas, até na rota do Oceano Atlântico, com destino às Canárias.

Os governos europeus, ao longo dos anos, têm sido criticados por não fazerem mais para ajudar os migrantes que tentam chegar às portas da UE em embarcações que de navegáveis pouco têm ou por não facilitarem condições básicas nos campos onde estes migrantes vivem temporariamente - que as vezes de temporário chega a permanente quando o tempo vai passando e a cama no chão torna-se "casa’’. Aliás, a Grécia abriu esta semana dois novos acampamentos "fechados e controlados’’ de migrantes, financiados pela União Europeia, com cercas de arame farpado e câmaras de segurança, nas ilhas de Kos e Leros. Uma nova página, disse o ministro Grego, que pretende apagar as imagens das condições deploráveis em que viviam os migrantes e que correram mundo.

O mais recente capítulo deste tópico é a situação na Bielorrússia, que só em outubro levou a mais de 5.000 migrantes a atravessaram a Polónia, em direção à Alemanha.

Isto não é um problema exclusivo da Polónia, de Itália ou da Grécia. É um problema da UE! E o que pode a UE fazer? Entre várias medidas, é preciso estabelecer vontade política para reforma. É necessário que os Estados-Membros alinhem os seus interesses nacionais, de modo a encontrem uma base onde possam cooperar na gestão dos fluxos de refugiados. É um processo longo, mas o diálogo contínuo, alinhado com uma estratégia coerente, que olhe ao longo prazo será certamente mais eficaz do que uma gestão reactiva e só a olhar ao curto prazo.

Não interessa quantos muros de arame farpado ergam. A Europa continuará a ser um destino de asilo para todos aqueles que fogem das guerras e é também do nosso interesse que proporcionemos condições humanas a quem chega, combinado com uma política europeia de migração eficaz, pró-activa e justa para os refugiados. Porque até nascer é uma questão de sorte... E quão sortudos somos por não termos nascido no meio da guerra.

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