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Artigo de Opinião

7/09/2021 08:01

Vejamos: em primeiro lugar apresentaram-nos o resultado de uma residência artística com Juan de La Fuente e Teresa Campos. Ou seja, percebemos que estão abertos para investigar tradições de diferentes territórios, partilhar saberes, estabelecer pontes entre culturas e criar em parceria, mostrando o resultado em público, com orgulho e profissionalismo. Na segunda parte foram chamando e recordando diferentes pessoas que ajudaram a criar os Xarabanda, que colaboraram de diferentes formas, ajudando a dinamizar todo o trabalho desenvolvido ao longo destes 40 anos. Isto é, mostraram agradecimento, reconhecimento e, sem qualquer problema, assumiram que se hoje o seu trabalho é valorizado, isso aconteceu devido à conjugação desses talentos e personalidades, devido à abertura para trabalhar em equipa e à assunção de que as perspetivas e os saberes diversos de cada pessoa dão origem a produtos culturais muito interessantes e de qualidade. Pudemos igualmente observar pessoas de diferentes gerações a trabalharem, a serem inseridas com igual importância nos trabalhos desta Associação. Gente de todas as idades, com diferentes formações, da Madeira e de fora dela, a cantar e a tocar em conjunto, transmitindo enorme prazer e saber no que fazem. Ao integrarem no espetáculo o projeto da "Tertúlia de Cantigas Tradicionais", com as "Melras", mostraram a abertura constante à comunidade, como forma de vitalidade e envolvimento.

Como escrevi no início, a sociedade em geral deveria perceber que os Xarabanda praticam diariamente lições de vida e de sabedoria. Abertura e humildade para aprender com os outros; inclusão de gente de todas as idades, reconhecendo que isso é uma mais valia; perceção dos talentos dos outros, aproveitando as visões inovadoras que trazem aos projetos; valorização da memória e gratidão constante; responsabilidade e autocrítica.

Não posso terminar sem mencionar o extraordinário trabalho que pudemos apreciar no espetáculo "Saltos Altos", de 1 a 5 de setembro. Através do bailado, da voz, da música e da luz fomos chamados à atenção de uma forma eficaz para as questões da discriminação em função do género, obrigando-nos a refletir sobre o papel que a nossa indiferença e comodismo tem na manutenção da desigualdade e da violência sobre as mulheres. Um espetáculo muito bonito visualmente e, simultaneamente, muito impactante. Poderia estar em qualquer palco de qualquer cidade de qualquer ponto do mundo. Tivemos o privilégio de o ter no Funchal, no Teatro Municipal Baltazar Dias!

É também por estes dois exemplos que trago hoje que acho que a CULTURA é uma ferramenta essencial para o exercício da cidadania e da democracia. Investir nela é apostar no futuro e na construção de uma sociedade mais atenta, mais conhecedora, menos indiferente, mais intolerante com as intolerâncias e mais aberta à crítica.

Obrigada a quem nos obriga a refletir, deslumbrando-nos com regularidade.

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