MADEIRA Meteorologia

Artigo de Opinião

Engenheiro

22/07/2021 08:01

Nas nossas apaixonadas discussões com os camaradas da escola ou da vizinhança os argumentos eram muito diversificados, mas sempre criativos, pois havia necessariamente que engendrar uma teoria para justificar o êxito ou o falhanço dominical dos nossos heróis de capacete. Uma destas teorias e que me marcou foi a teoria de que os pilotos de Fórmula 1 que vinham do karting tinham um estilo característico de condução e que nas partidas e nos circuitos sinuosos tinham melhores performances, eram mais rápidos e eficientes. Ora bem, confirmando-se esta teoria ou regra na disciplina maior do desporto automóvel, tenho para mim que na política esta regra também se aplica, e claro, sendo uma regra, terá certamente excepções… vou explicar.

Comparando o desporto automóvel, nomeadamente a Fórmula 1 com a política, encontramos muitas e interessantes semelhanças. Começando pelas equipas e pelas marcas oficiais, facilmente se consegue encontrar um paralelismo com os partidos, pois ambos têm cores, logotipos e bandeiras e claro, patrocinadores. Nas estruturas das equipas mais profissionais do automobilismo encontramos os directores técnicos, os engenheiros e os mecânicos, nos partidos também temos as direcções, as comissões e os secretariados que organizam a coisa e põe os partidos a funcionar e a acelerar, trocando os pneus quando necessário e atestando de gasolina as máquinas. Para ombrear com os pilotos temos claro os políticos que vão a votos e que se apresentam apoiados pelas respectivas equipas aos sufrágios, leia-se grandes prémios. Nos grandes prémios temos os "tifosi" que se amontoam nas bancadas, na política temos os eleitores que gostam mais de uma equipa do que outra e que querem ver o seu piloto a passar em primeiro lugar, infelizmente esquecendo-se muitas vezes de ir apoiá-lo à pista, preferindo ficar em casa a ver a novela...

Comprovadas as semelhanças entre a Fórmula 1 e a política e constatando que são inúmeras, temos agora que densificar o papel dos pilotos e de que forma o karting está relacionado com a política. Pois bem, resultado de infinitas horas a
ver carros a passar a grande velocidade e depois de centenas de ultrapassagens observadas, posso concluir que os pilotos de karting estão para a Fórmula 1 como os autarcas estão para a política. A falta de meios, as pistas esburacadas, as equipas reduzidas, as viaturas empenadas, os patrocinadores inexistentes, as provas apinhadas de concorrentes e tantas outras particularidades fazem dos nossos deputados municipais, presidentes de junta, vereadores e presidentes de câmaras uns verdadeiros campeões. São estas difíceis e tortuosas provas que os modelam e prepararam para os desempenhos futuros… para a Fórmula 1. Depois das provas autárquicas qualquer político está em condições de enfrentar qualquer outro circuito ou disciplina, sempre com humildade, dedicação e claro, pé no acelerador.

Esta teoria, apesar de ainda não ter sido comprovada cientificamente, apresenta factos irrefutáveis, assim como dois axiomas inevitáveis. O primeiro axioma diz respeito à hipótese de que mesmo não passando pelo circuito autárquico, um político poder vir a ser um imbatível campeão, verdade apenas e só se o candidato vier da área social-democrata. O segundo axioma apresenta-se como a antítese do primeiro e demonstra a possibilidade de um político mesmo passando pelas provas autárquicas não apresentar a menor capacidade ou jeito para pilotar qualquer viatura, seja motorizada ou mesmo a pedais. A evidência desta proposição radica unicamente na condição do piloto apresentar tendências socialistas e/ou confiança despropositada…

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