MADEIRA Meteorologia

Artigo de Opinião

Deputada do PSD/M na ALRAM

31/03/2021 08:02

Lembro-me de ser pequena e de contar os dias para chegar à época da páscoa! É que além de ser um dia de brincadeira e de alta galhofa na casa dos avós, era o dia de fazer contas ao jogo do balamento! Ganhar o balamento era garantia de uma páscoa bem passada, docinha, com as algibeiras cheias de amêndoas e uns quantos torrões de açúcar, acompanhados claro está de uma valente dor de barriga! Mas lá que éramos felizes, lá isso éramos sim senhor! Ainda há uns dias dei por mim a tentar convencer as crianças da casa a jogar ao balamento, a ver se não se perde a tradição... e depois, não demorou muito e fiquei com uma sensação de nostalgia e de saudade daqueles tempos tão simples da minha infância. Na década de 90, com um só canal de televisão, sem canal Panda ou afins, sem jogos electrónicos, apenas com uma bola ou algo meio redondo, um pião (nesta altura da Páscoa é que era!), a brincar no meio da estrada ao fim da tarde depois de ver a Rua Sésamo... a brincar com saúde e liberdade... isso é que era vida! Até vou dizer um cliché, mas a verdade, o que me apetece dizer, é que éramos felizes e não sabíamos.

Nos dias de hoje, andamos todos com medo, cheios de restrições e quase desesperados para regressar à normalidade... as crianças veem-se privadas de ter uma verdadeira infância, e o meu maior receio, bem como o de muitos pais são as sequelas futuras nestes pequenos seres humanos de tanto isolamento social e de tantas regras. É que se para os adultos isto está perto do limite, para os miúdos então... ai jesus! Estamos todos perto do nosso limite, e isso é perfeitamente compreensível, ou não fôssemos todos seres humanos.

Mas também há que encarar os factos: já estivémos mais longe! E a verdade é que com a implementação do processo de vacinação, vamos nos aproximando do objectivo "liberdade" passo a passo, mas a marcha ainda é longa, e todo o cuidado é pouco para evitar sobressaltos ou grandes quedas. E não vale a pena gritar aos quatro ventos que queremos que isto passe rápido, porque um ano depois, já devíamos todos ter percebido que isto não irá passar de forma rápida. Combater a pandemia é um exercício coletivo de sacrifício e de paciência... Respeitar as indicações das autoridades de saúde, compreender o trabalho dos profissionais de saúde que diariamente dão o seu melhor para cuidar dos outros, reduzir os contactos sociais ao indispensável, adoptar e incutir comportamentos responsáveis, utilizar as medidas de proteção individual e de desinfecção são gestos fundamentais... e claro que sim, também é fundamental alimentar a nossa paciência e resiliência diariamente, porque precisamos uns dos outros para que tudo dê certo para todos!

E porque um tempo tão diferente deveria despertar em todos mudança, que se mudem os nossos hábitos em casa, e que se aproveite este contexto peculiar e probacional para ensinar aos nossos filhos, aos que nos são família de coração, independente dos laços de sangue ou de vida, e que se recuperem tradições desta época tão especial como é a Páscoa. O nome Páscoa é de origem hebraica, deriva da palavra Pessach que significa "passagem", e leva esse nome pois antes de ser a festa da ressurreição para os cristãos, marcava o final do inverno e a chegada da primavera. Neste sentido, é crucial que esta Páscoa seja vivida em nossas casas com responsabilidade, recuperando vivências domésticas e familiares, num contexto mais restrito, mas com um olhar de esperança num horizonte de mudança que pode e deve começar pelo interior de cada um de nós!

A todos, votos sinceros de uma santa e feliz Páscoa!

Até à próxima leitura!

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