A reter que as estratégias de vacinação tanto a nível local, como mundial estão definidas, e em curso, e o sucesso em Israel, é uma luz de esperança que permite acreditar no futuro.

No entanto este ponto de inflexão que se aproxima só o será, se verdadeiramente os cidadãos mantiverem os cuidados necessários, e o cumprimento das regras emanadas pelas autoridades em saúde.

A saber, etiqueta respiratória, higiene das mãos e distanciamento físico, complementado com o uso correcto de máscara. Ora este último ponto tem merecido muita atenção pelas autoridades em saúde e na comunicação social tem sido veiculadas informações com algum viés que importam esclarecer. A última das quais foi a recomendação de utilização de duas máscaras, cirúrgica sob uma máscara de tecido, e de máscaras FFP2, pelo CDC nos Estados Unidos. Esta notícia veiculada, não corresponde na totalidade às recomendações do CDC. No passado dia 2 de Fevereiro tornou-se obrigatório nos EUA a utilização de máscaras em determinados contextos de transporte público e respectivas gares e hubs, determinada por Lei Federal. Como tal foram desenvolvidos estudos para validar a correcta utilização das máscaras e para melhorar a sua eficiência, verificando que os aspectos a ter em consideração são o ajuste à face e a filtração. Para tal sugeriram adicionar às duas metodologias já existentes para melhorar o ajuste, que são, um ajustador de máscara, ou uma gola de nylon, com duas camadas de tecido por cima da máscara, outras duas soluções, uma máscara de tecido por sobre a máscara cirúrgica, ou uma máscara cirúrgica de 3 camadas com um nó nos elásticos, e aconchegar à face as extremidades. Desta experiência resultou, que seguindo estas duas técnicas entre dois utilizadores, a redução de exposição foi 96,4% e 95.9% respectivamente, no entanto foram mencionadas quatro limitações para o estudo, 1º utilização de um só modelo de máscara cirúrgica e de tecido (por exemplo em Portugal existem diversas máscaras cirúrgicas de 4 camadas e as máscaras de tecido estão certificadas pelo Citeve) e que os resultados não podem ser extrapolados para o uso em contexto de mundo real, 2º não foram realizadas experiências com outras combinações de máscaras, 3º não é possível inferir os resultados para crianças, nem homens com barba, e por último a dupla máscara pode comprometer a respiração e a visão periférica, e dar nó nas máscaras cirúrgicas poderá alterar a conformação da mesma, pelo que pode impedir a correcta cobertura do nariz boca e queixo- Maximizing Fit for Cloth and Medical Procedure Masks to Improve Performance and Reduce SARS-CoV-2 Transmission and Exposure, 2021, actualizado a 19/02/2021.

No que concerne à recomendação por parte do CDC para utilização de FFP2, esta simplesmente não existe, e parte de um pressuposto falacioso. Observemos que na Europa é aceite a equiparação das várias semimáscaras de protecção respiratória, através de validação de normas internacionais equivalentes às normas harmonizadas, desta forma consideram-se equiparadas as máscaras FFP2(Europa), P2(Austrália), PFF2(Brasil), KN95(China), N95(EUA) etc… no entanto estas máscaras apresentam performances diferentes, por exemplo na filtração, nos testes realizados, na resistência à inalação etc. Ora nos EUA o CDC por essa razão, faz uma análise distinta, logo reserva obrigatoriamente as semimáscaras N95 em exclusivo para os profissionais de saúde, e as KN95 poderão ser preferíveis nalgumas situações (contacto prolongado com pessoas estranhas ao seio familiar) ou para algumas pessoas (imunocomprometidos), com a ressalva que o NIOSH, National Institute for Occupational Safety and Health que tem a seu cargo a avaliação e validação das máscaras, reporta que 60% das KN95 testadas não correspondem aos requisitos necessários. Improve the Fit and Filtration of Your Mask to Reduce the Spread of COVID-19, actualizado a 23/02/2021.

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"A vida humana é sinistra e sempre desprovida de sentido; basta um palhaço para lhe ser fatal." F.Nietzsche