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Artigo de Opinião

Presidente da Delegação Regional da Madeira da Ordem dos Psicólogos Portugueses

4/03/2021 08:02

Entre a apreensão de perceber se se trataria de mais uma daquelas doenças que apenas tem expressão do outro lado do mundo ou se, na verdade, era algo que nos iria realmente afetar de forma intensa, acompanhamos a evolução das coisas. Vimos confinar uma província chinesa de milhões de pessoas e, mais perto, as imagens dramáticas de um sistema de saúde a colapsar em Itália. Passamos a higienizar as mãos a todo o momento e assistimos ao debate sobre se as máscaras eram úteis ou não.

Em março de 2020 era declarado oficialmente o primeiro caso de COVID-19 no nosso país. Havia muitas dúvidas, muitas atualizações de dados, notícias falsas nas redes sociais e a corrida aos supermercados. E, sobretudo, havia medo. Tivemos o primeiro confinamento e, depois, aconteceu tudo o que já sabemos.

Desde o primeiro caso registado há um ano em Portugal, vivemos uma pandemia que corresponde à maior crise sanitária do nosso tempo de vida. Um ano de exigência, de dificuldades e de sofrimento físico e psicológico - mais para uns do que para outros, conforme as suas circunstâncias de vida. Um ano de sensação de vida interrompida e em que a própria noção de tempo e de vulnerabilidade assumiu uma outra dimensão. Um ano de dificuldades sociais e económicas, fruto da paragem forçada de múltiplos setores de atividade, e de agudização de problemas de adaptação e saúde mental. E, simultaneamente, um ano também de procura de sentido, de entreajuda e de resiliência e superação. Como em tudo na natureza humana, um ano com o melhor e o pior.

Para os que sobreviveram à pandemia, fica a sensação de que foi um ano de vida perdido - ou então, se calhar, um ano de vida ganho.

E neste momento, um ano depois, em que já conhecemos o significado de fadiga da pandemia, em que estamos conscientes da importância do autocuidado, em que aprendemos a conviver com a ameaça do vírus e em que olhamos para uma luz ténue ao fundo do túnel que tem a expressão de uma vacina, emerge o pensamento sobre o futuro: a nível coletivo, a convicção de que será necessário um grande esforço para recuperar a economia e sobretudo a vida; a nível individual, a reflexão sobre o que é que queremos valorizar na nossa existência e fazer com os anos em que a pandemia já não terá o protagonismo que tem hoje.

Um ano após o primeiro caso identificado no nosso país e depois do projeto parado, do emprego perdido, do convívio impedido, do abraço não dado, da relação acabada, da viagem não feita, fica a questão: Quem é que gostaríamos de ser, no que é que nos gostaríamos de tornar e o que é que gostaríamos de fazer quando a pandemia acabar?

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