O adjetivo é usado para designar um embaixador ou um mensageiro delegado. No Novo Testamento aparece duas vezes em João 13,16: "O servo não é maior do que o seu senhor, nem o enviado (apóstolo) é maior do que aquele que o enviou", em São Paulo, na 2 aos Coríntios, tem um sentido religioso: "Quanto a Tito, é meu companheiro e cooperador junto de vós; quanto aos outros nossos irmãos, são os enviados (apóstolos) das igrejas, glória de Cristo". São Lucas, na carta aos Efésios e São João no Apocalipse, chama-os mensageiros de Deus, citados de igual modo como são os profetas. O próprio Jesus é chamado apóstolo na carta aos Hebreus.

No Novo Testamento, apóstolo indica um pequeno grupo que ocupa a mais elevada posição dentro da Igreja, no judaísmo indica pessoas enviadas em missão para ensinar o livro da Torah (Lei). O título também é usado pelos rabinos que, sendo enviados pelo Sinédrio de Jerusalém, vão atender aos judeus no estrangeiro, para proclamar o Calendário e recolher donativos. Este termo não influenciou o conceito do Novo Testamento, no judaísmo, os profetas não têm o nome de enviados.

A palavra apóstolo no Novo Testamento indica o grupo de discípulos chamados os "Doze" que se encontram em Mateus (10,2-4), "o primeiro é Simão Pedro, depois André, seu irmão, Tiago, filho de Alfeu e Tadeu"; Marcos (3,13-19) Jesus "escolheu doze para que andassem com Ele e para os enviar a pregar... Simão a quem pôs o nome de Pedro, Tiago, filho de Alfeu..."; Lucas (6,12-16) "Quando se fez dia, chamou os seus discípulos, escolheu doze entre eles, aos quais deu o nome de apóstolos. Pedro...Tiago, filho de Alfeu"; Atos dos Apóstolos (1,13), subiram ao Cenáculo onde permaneciam habitualmente, Pedro, Tiago, André, Tiago filho de Alfeu... Todos permaneciam unânimes em oração, com as mulheres e com Maria, mãe de Jesus, e com os seus irmãos". O número "doze" era considerado "sagrado," estava relacionado com as doze tribos de Israel. Os apóstolos são o fundamento do novo Israel constituído pela Igreja de Deus, foram escolhidos por Jesus, para serem seus companheiros, viverem com Ele, serem submetidos a uma instrução durante toda a vida do Mestre. Lucas é o evangelista que prefere usar este título. Alguns estudiosos pensam que o título não remonta a Jesus, até porque São João não o usa, embora apareça o encargo, Jesus confere aos Doze o Espírito Santo e a autoridade (Jo.20,21-23). Na carta aos Efésios (2,20) os profetas e os apóstolos constituem os fundamentos da Igreja.

O título apóstolo aparece pela primeira vez nos escritos paulinos atribuído a São Pedro (1 Ped1,1), a Tiago na carta aos Gálatas (1,17-19): "Sem subir a Jerusalém para ver os que eram apóstolos antes de mim...passados três anos fui a Jerusalém para conhecer Cefas e estive com ele quinze dias, dos outros apóstolos não vi nenhum, a não ser Tiago. Irmão do Senhor". Lucas, nos Atos dos Apóstolos, atribui o título a Barnabé (A.Ap. 14,14), Paulo aplica-o também a Andrónico e Júnia (Rom.16,7) "que são ilustres entre os apóstolos que me precederam em Cristo," inclui o apostolado entre as funções carismáticas da Igreja. (1 Cor. 12,28). São Lucas limita o título aos doze e a Paulo.

Jesus arrancou os apóstolos das suas casas para viverem com Ele e O acompanharem no serviço do reino de Deus. O escritor Flávio Josefo descreve Jesus como "um homem sábio, mestre daqueles que aceitaram a verdade e atraia muitos judeus e gentios" (A.J.18).

A relação de Jesus com os apóstolos e as mulheres que O acompanhavam não era uma relação académica como a dos rabinos, mas um vínculo pessoal interior para partilharem o seu destino e acolherem o reino de Deus. A vida que respiravam junto a Jesus enchia tudo, Ele era o centro, vivia para curar, ensinar, libertar as pessoas do medo e da morte, tocava nos leprosos de quem se fugia, lutava pela justiça, pela defesa dos mais fracos e dos maltratados. Os discípulos aprenderam a viver como uma nova família, a rezar o Pai Nosso, com a alegria e a paz de se sentirem amados, perdoados, felizes pela proximidade misteriosa de Deus amigo e salvador.