Episódios que se repetem porquê? Porque muito boa gente está a ter dificuldade em abordar a doença com objetividade, rigor e verdade.
Se alguém é contagiado só há um caminho: seja patrão ou funcionário, assume-o e revela todos os contactos às autoridades de saúde. Feitos os testes, transmite-os com transparência. Os que ficam para segurar os serviços passam a ser os contactos mais seguros das redondezas, porque apresentam testes negativos. Parece simples. E é, na verdade.
Foi isso, aliás, que fizemos aqui no Jornal há cerca de duas semanas, fornecendo uma informação transparente do momento que atravessámos, da mesma forma como tratamos quem é notícia diariamente.
Muitos não compreendem esta abertura na comunicação. Entendem que o melhor é nada dizer, deixar andar, mesmo que todos saibam que algo de estranho se passa não percebendo que esse silêncio abre caminho a todo o tipo de exageros.
Pior se torna quando deixamos de falar da responsabilidade de cidadãos e verificamos uma série de incongruências de quem tem o dever de cuidar da nossa saúde ou outras responsabilidades públicas.
Senão vejamos:
- Como é que se explica que a diferença de infeções confirmadas na Madeira entre a DRS e DGS atinja cerca de 700 casos? Para o País, a Madeira está muito melhor do que a realidade.
- Por que razão o SESARAM opta por nada dizer em matérias sensíveis, de importante interesse público, preferindo depois criticar quem não se esconde ou apresenta trabalho feito com base em factos e opiniões profissionais?
- Como é possível que quem tanto criticou a utilização de máscaras e medidas restritivas surja agora a querer capitalizar simpatia invocando que a Madeira devia ter confinado nas festas?
É evidente que muito tem sido feito, mas também que há ainda tanto por fazer. Por exemplo, no plano da segurança, ou falta dela, os relatos de roubos e vandalismo parecem ter ganho destaque particular no nosso quotidiano. E do lado da PSP… nada. Nem ai, nem ui. Nem sequer a referência a um facto que é uma evidência. Com tantas ações de fiscalização… não há polícias para acudir a tudo. Impossível. O problema é que ao nada dizer, a PSP entende ter capacidade para responder a todas as missões que lhe são confiadas. E ao assumir esse compromisso, está claramente a falhar na segurança de bens públicos e privados.
Até os próprios agentes denunciam esse cansaço acumulado, mas lá seguem, com maior ou menor esforço, as orientações. Não têm outro remédio senão acatar a ordem. Já diziam os antigos: El-Rei errou, mas faça-se o que ele mandou.