Reacendimento
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O incêndio que deflagrou na manhã desta sexta-feira na freguesia dos Prazeres, na Calheta, junto ao posto de Polícia Florestal, deixou a população em sobressalto, mas também gerou indignação.
Isto porque, segundo apurou a equipa de reportagem do JM no local, as chamas que ontem lavraram na freguesia terão sido resultado de uma queimada realizada na passada terça-feira, onde estiveram presentes os bombeiros locais, que terá, alegadamente, reacendido devido a “um mau rescaldo”, conforme avançaram alguns dos populares.
O Jornal confrontou Jacinto Serrão, comandante dos Bombeiros Voluntários da Calheta, com estas suposições apontadas, mas o responsável desconsiderou as afirmações e garantiu que a situação esteve a ser permanentemente monitorizada.
“Estivemos sempre a controlar a situação desde terça-feira. O posto da Guarda Florestal local fica mesmo em frente ao terreno em questão e o que estava combinado é que se houvesse alguma ocorrência eles nos reportavam, mas até à data esteve sempre tudo bem”, indicou o comandante da corporação da Calheta.
Porém, segundo relataram os locais ao JM, desde terça-feira que era frequente a presença de fumo naquele terreno queimado, junto à Levada Nova, e que nada foi feito. “Todos os dias víamos fumo a sair deste terreno e nunca vi ninguém aqui a controlar nada”, disse uma fonte ao nosso Jornal que preferiu manter o anonimato.
Sobre esta questão, Jacinto Serrão voltou a reiterar que o rescaldo do início da semana foi “bem efetuado” e que nunca receberam, após a queimada, nenhuma informação sobre a presença de fumo naquela área.
Se o incêndio que deflagrou ontem resultou ou não da queimada feita dias antes, isso não se sabe. A verdade é que as chamas acabaram esta sexta-feira por consumir uma zona agrícola perto de habitações, deixando muitos moradores assustados, também devido ao vento forte e ao tempo quente que se faziam sentir.
Apesar do aparato, a situação acabou por ficar controlada ao fim da manhã de ontem, não havendo grandes prejuízos a registar. Terão ardido apenas alguns veículos de uma antiga sucata, paletes que se encontravam no terreno e mato.
Quanto às causas que possam ter provocado o reacendimento do incêndio, Jacinto Serrão diz que poderá ter sido provocado pelo “vento, por alguém que queira limpar o terreno e que aproveitou a situação ou uma série de outras coisas”.
Nas operações estiveram envolvidos seis operacionais e quatro viaturas de combate a incêndio.
Queimada ilegal perto do local
Apesar de a queimada da passada terça-feira ter seguido todo o processo de legalidade, consta que em outro terreno agrícola, nas imediações da área que ontem ardeu, foi efetuada uma outra queimada não autorizada no sábado, dia 20 de março.
Tanto o comandante dos Bombeiros Voluntários da Calheta como Paulo Ferreira, presidente da Junta de Freguesia dos Prazeres, confirmam já ter ouvido falar sobre este episódio. No entanto, nenhum deles quis se pronunciar sobre o assunto.
Paulo Ferreira limitou-se a dizer ao JM que, por agora, espera que sejam apuradas “as devidas responsabilidades” sobre o incêndio.
Por Bruna Nóbrega