AMI regista descida no número de atendimentos a casos de pobreza

Lusa

A Assistência Médica Internacional atendeu uma média de 192 novos casos de pobreza em 2016, ano em que foram apoiadas 11.741 pessoas, um número que tem vindo a descer desde 2013, segundo um relatório da Fundação AMI.

Em 2016, procuraram pela primeira vez os apoios sociais da AMI 2.305 pessoas (20% da população total apoiada). Em média, a organização atendeu uma média de 3.459 pessoas por mês.

Os dados do Relatório de Atividade e Contas 2016 da AMI mostram uma tendência de quebra no número de pessoas apoiadas nos últimos anos: 15.802 (2013), 14.393 (2014), 13.604 (2015) e 11.741 (2016).

Desde 1994, ano de inauguração do primeiro centro Porta Amiga, já foram apoiadas 70.397 pessoas em situação de pobreza. Em 2016, o apoio social direto baixou 14% face ao ano anterior.

A AMI aponta como explicação para esta diminuição vários fatores, como a situação socioeconómica do país, o reforço do trabalho em rede entre as instituições e a ausência do programa FEAC (Fundo Europeu de Auxílio aos mais Carenciados).

“Apesar de Portugal ser um país que se mantém com uma taxa de risco de pobreza extremamente elevada, têm vindo a sentir-se pequenos sinais de recuperação que fazem com que algumas das pessoas afetadas pela crise possam, de alguma forma, ter conseguido reorganizar a sua vida”, deixando de recorrer aos apoios sociais, refere a AMI.

Por outro lado, o facto de o programa FEAC não ter sido aplicado, em 2016, contribuiu para “a ausência de resposta às necessidades de apoio alimentar de grande parte das famílias em acompanhamento”, que tiveram de procurar soluções alternativas.

Segundo o documento, as mulheres continuam a ser quem pede mais ajuda (51%), assim como a população ativa (65%), com idade entre os 30 e os 59 anos (41%), adianta o Relatório de Atividade e Contas 2016 da AMI, a que a agência Lusa teve acesso.

No entanto, a AMI registou, nos últimos anos, um aumento do número de crianças apoiadas com menos de 16 anos (28%) e da “população mais jovem, com menos de 30 anos (47%) havendo assim uma tendência de mudança de perfil de quem procura o apoio da AMI”.

A baixa escolaridade continua a ser uma característica dominante: 48% têm o 1.º ou 2.º ciclo, 14% têm o 3.º ciclo, 6% o ensino secundário e outros 6% não têm qualquer grau de escolaridade.

Segundo o documento, o número de pessoas com ensino superior diminuiu, tendo passado de 137, em 2015, para 114, em 2016.

A AMI sublinha, no documento, que “as baixas qualificações constituem um dos maiores aspetos de fragilidade, condicionando as possibilidades de integração no mercado de trabalho e consequentemente de ultrapassar uma situação de vulnerabilidade social”.

Os recursos económicos destas pessoas provêm sobretudo de apoios sociais como o Rendimento Social de Inserção (25%), das pensões e reformas e de subsídios e apoios institucionais (17% cada).

Há ainda 14% que tem rendimentos de trabalho, “mas que se revelam precários e insuficientes”, enquanto 24% não tem qualquer rendimento formal.

As pessoas apontam como principais motivos para recorreram a este apoio a precariedade financeira (74%), o desemprego (54%), a doença (19%), problemas familiares (16%), problemas de saúde mental e falta de habitação/desalojamento (7% cada).

Em 2016, a AMI apoiou também 160.000 pessoas em 20 países do mundo.

“No total, o nosso trabalho permitiu alcançar indiretamente 3.301.549 pessoas”, sublinha o relatório.