Cerca de 40 mil militantes do PSD podem escolher presidente já hoje ou adiar para 2.ª volta

Lusa

Mais de 40 mil militantes do PSD podem votar hoje na escolha do próximo presidente social-democrata, menos 30 mil do que há dois anos, numa disputa a três que pode obrigar a uma inédita segunda volta.

O atual presidente do PSD, Rui Rio, o antigo líder parlamentar Luís Montenegro e o vice-presidente da Câmara de Cascais Miguel Pinto Luz são os três candidatos que disputam a presidência do partido em eleições diretas.

Se nenhum deles obtiver hoje mais de 50% dos votos, a segunda volta realiza-se daqui a uma semana, dia 18, entre os dois candidatos mais votados, o que seria inédito no PSD, apesar de a regra estar nos estatutos desde 2012.

O presidente do PSD votará no Porto e acompanhará lá os resultados, enquanto Luís Montenegro votará em Espinho (Aveiro), mas fará a noite eleitoral em Lisboa. Também Pinto Luz estará à noite concentrado em Lisboa, votando em Cascais (Lisboa).

As eleições decorrerão em todo o país entre as 14:00 e as 20:00 e em simultâneo com a eleição dos delegados ao 38.º Congresso Nacional, entre 07 e 09 de fevereiro em Viana do Castelo. A proclamação dos resultados será feita pelo Conselho de Jurisdição Nacional, na sede do partido, em Lisboa.

De acordo com a secretaria-geral do PSD, são 40.584 os militantes com quota válida, quando em 2018 o universo foi de 70.692, mas acabaram por votar apenas 42.655, cerca de 60% do total.

A ‘chave’ do resultado eleitoral estará, como habitualmente, nas quatro maiores distritais do PSD: Porto, Lisboa, Braga e Aveiro registam, por esta ordem, o maior número de militantes em condições de votar, centralizando mais de 57% do total.

O novo regulamento de quotas aprovado em julho - e que implica que apenas o militante conhece a referência de multibanco necessária ao pagamento da sua quota - marcou toda a campanha interna, com a direção de Rui Rio a defender o objetivo de impedir “a vigarice” de pagamentos massivos e Montenegro a contestar que se tenham introduzido novas regras em cima do processo eleitoral, tendo apelado a que todos os militantes (com ou sem quotas em dia) pudessem votar.

O caso concreto da Madeira promete ensombrar a votação, já que o PSD-Madeira insiste que podem votar hoje 2.500 militantes, apesar de a secretaria-geral contabilizar pouco mais de cem com quotas pagas à luz do novo regulamento.

A divergência entre a estrutura regional e nacional está no modo de pagamento das quotas, que deve permitir a identificação do militante, enquanto a maioria na Madeira paga as quotas diretamente na sede, em numerário, tendo o Conselho de Jurisdição Nacional - o ‘tribunal’ do partido - reiterado que “os regulamentos aprovados não preveem exceções”.

Em relação a outras campanhas internas, foi menor a visibilidade mediática destas diretas, com os três candidatos a confrontarem-se apenas num debate televisivo, em que foram mais notórias as divergências internas do que diferenças nas críticas que fazem à governação socialista ou no modelo económico que defendem para a sociedade.

Durante a campanha, a relação do PSD com o PS foi o tema que mais dividiu os candidatos, com Montenegro e Pinto Luz a procuraram colar o atual presidente aos socialistas, e Rio a reiterar a disponibilidade para acordos de regime em nome do interesse nacional.

Quanto ao Orçamento do Estado, só o ‘timing’ sobre quando devia o partido anunciar o seu voto separou os candidatos, com os três candidatos unidos na defesa do voto contra.

Rio, Montenegro e Pinto Luz coincidem ainda em apontar as autárquicas de 2021 como o desafio mais importante do partido, enquanto nas presidenciais só os dois últimos manifestam, desde já, apoio a uma eventual recandidatura de Marcelo Rebelo de Sousa.

As redes sociais foram o veículo privilegiado para os candidatos anunciarem os seus principais apoios, com Rio a contar com o de dois ex-líderes - Francisco Pinto Balsemão e Manuela Ferreira Leite -, do eurodeputado Paulo Rangel, do antigo presidente do Governo Regional da Madeira Alberto João Jardim ou de antigos ministros como Arlindo Cunha e Silva Peneda, além dos membros da sua direção.

Ao lado de Montenegro estão muitos rostos do governo e bancada do período de liderança de Pedro Passos Coelho, como Hugo Soares, Maria Luís Albuquerque, Aguiar-Branco ou Paula Teixeira da Cruz, bem como o antigo líder Rui Machete, a ex-presidente da Assembleia da República Assunção Esteves e a histórica militante Conceição Monteiro.

Pinto Luz contra entre os apoios os ex-governantes Miguel Relvas, Marco António Costa, José Eduardo Martins ou Mira Amaral, tal como o ex-secretário geral Matos Rosa ou o antigo diretor da campanha presidencial de Cavaco Silva, Alexandre Relvas.

As últimas eleições diretas no PSD realizaram-se em 13 de janeiro de 2018, e resultaram na eleição do 18.º presidente do partido, Rui Rio, que derrotou Santana Lopes com 54,15% dos votos (22.728).