Marinha renova imagem na Internet para atrair jovens

Lusa

Marinha vai lançar um novo “portal do recrutamento” no âmbito de uma campanha de divulgação que visa chamar mais jovens a concorrerem ao ramo, que conta atualmente com 10.004 efetivos, menos 900 do que o necessário.

“A Marinha está com 900 pessoas a menos do que devia estar. Não é fácil recuperar este número, nem em um ano, nem em dois ou três”, admitiu o almirante Mendes Calado, em declarações à agência Lusa no final de uma audição na comissão parlamentar de Defesa Nacional, a primeira depois de ter tomado posse como Chefe do Estado-Maior da Armada, em 03 de março.

A falta de pessoal “provoca nos que estão maior carga funcional, maior exigência de períodos de embarque, maior desgaste físico, é um ciclo vicioso de desmotivação das pessoas”, admitiu Mendes Calado, frisando que uma das grandes preocupações do seu mandato será “melhorar as condições” de trabalho e permitir uma maior conciliação entre a vida profissional e familiar.

De acordo com números avançados à Lusa pelo ramo, em 2009 a Marinha contava com cerca de 14 mil militares nas fileiras, em 2013 cerca de 11 mil e em 2016 tinha 10.400, número que desceu para 10.004 em 2018, numa quebra de 22% em nove anos.

Reconhecendo que a “Marinha está com pouca atratividade junto dos jovens” e atravessa dificuldades na retenção do pessoal nas fileiras, o almirante adiantou que vai ser lançado em breve um “novo portal de recrutamento” e um “`spot´ televisivo” no âmbito de uma campanha de divulgação a propósito do Dia da Marinha, que se assinala em 20 de maio.

O novo “portal do recrutamento” e um novo portal da Marinha na Internet, “com páginas mais interativas, com mais imagens e vídeos” serão lançados no dia 13 de maio, no âmbito das comemorações do Dia da Marinha, precisou o porta-voz do ramo, em declarações à Lusa.

Entre as medidas previstas para dar “mais atratividade” e chamar mais candidatos, o almirante disse que um dos objetivos é que os jovens que entrem para a Marinha sem o 12.º ano possam sair com esse nível de escolaridade completo.

Por outro lado, terão acesso a um programa “de `mentoring´” em que são acompanhados por “um mentor” que os vai ajudar a “robustecer as suas competências” e continuar o programa de certificação de qualificações reconhecidas no mercado de trabalho.

A Marinha quer ainda “alargar o universo de estágios”, disse Mendes Calado: “Temos atualmente 178 estagiários na Marinha, desde as áreas do ambiente, comunicação, estratégia, engenharia, um manancial de oportunidades”, disse.

O almirante sublinhou que o facto de a Marinha ter passado a permitir, no ano passado, candidatos com tatuagens (desde que não sejam visíveis fardados) resultou em que 20% dos recrutados nos concursos realizados desde então têm tatuagens.

Quanto a meios materiais, o almirante defendeu que a Marinha “precisa de substituir o navio reabastecedor” que “tem quase 40 anos” e adiantou que propôs ao Ministério da Defesa que “dê continuidade” ao programa de construção de Navios de Patrulha Oceânicos (NPO), “reforçando o financiamento” na revisão da Lei de Programação Militar.

Com o sistema de forças a prever dez NPO, a Marinha dispõe atualmente de dois e estão em construção mais dois. O quarto navio deverá estar pronto para entrar ao serviço em janeiro do próximo ano, mas “continuam a faltar seis”, frisou.

“Esta tipologia de navios é para substituir as antigas corvetas. Só temos três corvetas e vamos abater mais uma este ano, estamos a ficar com poucos navios”, acrescentou.