Setor automóvel defende necessidade de repensar uso de veículos mais velhos e poluentes

Lusa

As associações nacionais do setor automóvel defendem a necessidade de repensar o uso de veículos mais velhos e poluentes e não restringir as discussões ao tipo de combustível usado, como o gasóleo.

À agência Lusa, o secretário-geral da Associação Automóvel de Portugal (ACAP), Hélder Pedro, recordou não haver qualquer regulamentação sobre eventuais restrições aos veículos com motores movidos a gasóleo e que o mais importante é “pensar na renovação” do parque automóvel com mais de 12 anos por “novos veículos diesel, híbridos e elétricos”.

O responsável notou que atualmente os veículos a gasóleo colocados no mercado têm um “nível de emissões muito inferior àqueles que começaram a circular há uma década”.

Portugal, tal como outros países, tem registado uma ligeira diminuição da percentagem das vendas de veículos a diesel. “Todavia, o peso das vendas de veículos elétricos e híbridos ‘plug in’ tem ainda uma expressão diminuta nos mercados europeus, incluindo Portugal”, notou Hélder Pedro.

O mercado mostra ainda uma menor diferença na escolha de veículos a gasolina ou a gasóleo para frotas, existindo mesmo “empresas a utilizar veículos elétricos nas suas frotas”.

“É por isso que a ACAP propôs ao Governo que as empresas possam deduzir o IVA nas despesas com gasolina e não apenas com gasóleo”, acrescentou o dirigente da associação, não prevendo que o mercado português em segunda mão “fique ‘inundado’” depois da entrada em vigor da proibição de entrada de ligeiros a diesel em várias cidades europeias, a partir de 2015.

Por seu lado, Alexandre Ferreira, presidente da direção da ANECRA - Associação Nacional das Empresas do Comércio e da Reparação Automóvel, disse, quanto às consequências das proibições no mercado de usados, que a “questão não se coloca tanto nos veículos a diesel na generalidade”, “mas sim no tipo de viaturas usadas mais antigas com motores verdadeiramente poluentes que possam ser importados”.

O responsável disse que a expectativa da associação é que, depois do ‘Dieselgate’(manipulação de resultados de testes às emissões poluentes no grupo Volkswagen), seja definida “uma estratégia no setor automóvel, que não resulte mais prejudicial para o ambiente […], nomeadamente porque existem sérias dúvidas sobre a opção elétrica.

Alexandre Ferreira assinalou ainda contradições nas politicas, como o caso do Governo alemão que se “prepara para investir até 10.000 euros por veículo, como incentivo ao programa de trocas por viaturas novas, com motores a gasóleo muito menos poluentes”.

Os motores a combustão “continuarão connosco nas próximas décadas”, garantiu este dirigente, que acredita que a indústria automóvel será mais afetada por novos modelos de negócio, do que pelas alterações de produto.

“No cenário que conhecemos e no que antevemos, a indústria procederá às adaptações que se impuserem e as vendas continuarão a crescer”, comentou Alexandre Ferreira, que sobre a aquisição de veículos novos disse que tudo está dependente das políticas definidas pelo Governo a nível fiscal e de incentivos para aquisição.