A candidata à liderança do BE Mariana Mortágua disse hoje a António Costa que "a política do medo não pode vencer" e que a responsabilidade dos bloquistas é mostrar que só uma alternativa construída à esquerda pode dar respostas.
"Mostraremos ao país - e eu espero que António Costa oiça bem - que a política do medo não pode vencer e que não basta pôr um espantalho à porta para poder governar contra as pessoas. É preciso fazer muito mais que isso e essa é a tarefa do BE", afirmou Mariana Mortágua na conferência de imprensa na qual apresentou a sua candidatura à liderança do BE na próxima convenção.
Para a dirigente bloquista, "a tranquilidade do PS é de achar que perante um PSD perdido e sem programa pode usar o medo da extrema-direita para lhe garantir uma maioria absoluta perpétua".
"É por isso que vemos o PS a dedicar-se a promover um despique com o Chega mesmo sabendo que assim está a alimentar a extrema-direita em Portugal", criticou.
Perante esta situação, Mariana Mortágua defendeu que "a responsabilidade do Bloco é a de mostrar que só uma alternativa à esquerda pode criar respostas para as pessoas que estão exasperadas com a inflação, para as pessoas que estão exasperadas com a decadência das coisas importantes da democracia como a educação, como a saúde ou como a justiça".
"Apresentar uma alternativa à escolha péssima entre o mau e o pior. A escolha não é entre a crise da habitação que o PS mantém e a crise da habitação que a direita promove", enfatizou, dando ainda como exemplos a precariedade ou degradação do SNS.
Segundo a candidata à sucessão de Catarina Martins, "é preciso levar o país a sério", o lema que foi aliás escolhido para a XIII Convenção Nacional do BE, marcada para 27 e 28 de maio, em Lisboa.
Para Mariana Mortágua, um país que se leva a sério "não aceita o racismo" nem "aceita guerras como a invasão da Ucrânia".
"Uma alternativa à esquerda que defenda o nosso povo, com solidariedade e com justiça, essa é a única resposta para os tempos difíceis em que vivemos", propôs.
A deputada do BE fez questão ainda de "constatar um facto elementar": "trabalhamos e produzimos o suficiente para que todas as pessoas possam ter uma vida boa".
"Essa vida boa, com respeito que todos podemos ter, é o contrário da boa vida de leva quem especula com o nosso futuro. A quem tem ganhado com a crise deixo um aviso: não estamos aqui para vos agradar ou dar sossego. O compromisso do Bloco é com quem trabalha, não é com quem se recusa a aumentar salários para fazer crescer os lucros milionários", avisou.
Mariana Mortágua explicou que respondeu "sim" à candidatura à liderança do BE porque quer "fazer todas as lutas, as lutas que enchem e que dão significado à democracia".
"Serei o primeiro nome numa lista candidata à direção do meu partido e com este coletivo de milhares de ativistas trazemos as lutas das nossas vidas. Pelo trabalho, habitação, clima, igualdade, direito de todas as pessoas a viverem com respeito em democracia plena, a luta por todas as pessoas a viverem uma vida boa", sintetizou.
A moção A, intitulada "Uma força, muitas lutas", é subscrita por 1300 bloquistas, para além de Mariana Mortágua, pela ainda coordenadora bloquista, Catarina Martins, pelo líder parlamentar, Pedro Filipe Soares, pelos eurodeputados Marisa Matias e José Gusmão, pelo fundador do BE Luís Fazenda, pelos deputados José Soeiro e Joana Mortágua e ainda pelos dirigentes Jorge Costa, Fabian Figueiredo, Isabel Pires ou Leonor Rosas, entre outros.
Lusa