O parlamento ucraniano aprovou hoje uma lei que prevê a ilegalização da Igreja Ortodoxa Ucraniana com ligações históricas ao Patriarcado de Moscovo, e que Kiev acusa de ser "pró-russa".
A lei, aprovada em primeira instância por 267 deputados antes de uma segunda votação, proibirá o funcionamento em território ucraniano de organizações religiosas "afiliadas" em instituições de um Estado que está a efetuar uma agressão armada contra a Ucrânia, informaram vários deputados ucranianos nas redes sociais.
Em comunicado publicado no Facebook, a Igreja Ortodoxa Ucraniana do Patriarcado de Moscovo - como continua a ser designada na Ucrânia pelos seus opositores, apesar de ter renunciado a esta associação - denunciou a lei como contrária à Constituição ucraniana e à Convenção europeia dos direitos humanos.
"A aprovação do projeto-lei demonstra que os direitos humanos e as liberdades estão a perder o seu significado", sublinha o comunicado.
Na sequência da invasão miliar russa em fevereiro de 2022, a Igreja Ortodoxa Ucraniana do Patriarcado de Moscovo rompeu os seus laços com a sua Igreja mãe na Rússia devido ao apoio do patriarca Kiril da Igreja Ortodoxa russa à designada "intervenção militar especial" na Ucrânia.
O Estado ucraniano considera insuficiente essa rutura, pelo facto de a Igreja Ortodoxa Ucraniana permanecer dependente canonicamente do Patriarcado de Moscovo.
Numerosos sacerdotes ucranianos desta igreja foram detidos por alegada colaboração com as tropas russas ou por saudarem a invasão militar nas suas homilias, perdendo muitos fiéis desde o início da guerra.
Muitas destas pessoas aderiram à Igreja Ortodoxa da Ucrânia, a igreja nacional do país apoiada pelo Estado e autocéfala, reconhecida em 2019 pelo Patriarcado Ecuménico de Constantinopla.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Os aliados ocidentais da Ucrânia têm fornecido armas a Kiev e aprovado sucessivos pacotes de sanções contra interesses russos para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra.
Lusa