O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, defendeu hoje, após receber os homólogos checo e eslovaca, que qualquer "limitação artificial" à ajuda militar a prestar à Ucrânia é uma oportunidade para a Rússia continuar a sua agressão militar ao país.
"Creio que uma das conclusões da nossa reunião de hoje é que não deve haver tabus sobre a ajuda em matéria de segurança à Ucrânia", declarou Zelensky, na conferência de imprensa conjunta em Kiev com os Presidentes da República Checa, Petr Pavel, e da Eslováquia, Zuzana Caputova.
O chefe de Estado ucraniano acrescentou que "cada limitação artificial à defesa da Ucrânia mais não é que outra oportunidade para a Federação Russa".
"É totalmente justo fornecer aos nossos soldados tudo o que for necessário para proteger o mais importante: a vida", sustentou ainda Zelensky, na presença dos seus dois homólogos centro-europeus.
Em seguida, referiu o armamento moderno de longo alcance, os aviões de fabrico ocidental e um número adicional de sistemas de artilharia pesada, munições e veículos blindados entre as necessidades mais prementes do exército ucraniano.
E, embora admitindo que a Ucrânia está "a preparar a contraofensiva", disse que não revelaria qualquer pormenor a esse respeito.
Zelensky tinha já condenado o ataque russo com mísseis da madrugada de hoje, que matou pelo menos 21 civis, entre os quais quatro crianças, nas cidades de Uman (centro) e Dnipro (leste).
O Governo ucraniano pediu aos seus aliados que ajudem a Ucrânia a impedir este tipo de ataques, enviando mais armamento e reforçando as sanções à Rússia e respetivos aliados.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas - 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,1 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa - justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que hoje entrou no seu 429.º dia, 8.574 civis mortos e 14.441 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
Lusa