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Papa critica “arrogância do invasor” na Ucrânia e na Palestina

Data de publicação
25 Novembro 2024
16:04

O Papa Francisco criticou hoje no Vaticano “a arrogância do invasor” na Ucrânia e na Palestina, numa rara postura contra a política israelita, uma semana depois de ter mencionado pela primeira vez acusações de genocídio na Faixa de Gaza.

Falando em espanhol durante um discurso por ocasião do 40.º aniversário do tratado de paz entre o Chile e a Argentina, o Papa de quase 88 anos falou dos “numerosos conflitos armados em curso” e das “lágrimas muito dolorosas” que implicam.

“Simplesmente menciono hoje dois fracassos da humanidade: a Ucrânia e a Palestina, onde as pessoas sofrem, onde a arrogância do invasor prevalece sobre o diálogo”, declarou, numa frase improvisada que não aparecia no seu discurso inicial.

Mais uma vez criticando o comércio de armas, o líder católico lamentou “a hipocrisia de se falar de paz enquanto se brinca à guerra”, acrescentando, perante diplomatas e representantes religiosos, que “o diálogo deve ser a alma da comunidade internacional”.

Francisco reza regularmente pelas populações “martirizadas” da Faixa de Gaza e da Ucrânia, bem como pela libertação dos reféns israelitas detidos pelo Hamas desde o ataque sem precedentes lançado pelo movimento islamita palestiniano em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel.

Em 14 de novembro, recebeu também 16 ex-reféns israelitas do Hamas no Vaticano.

No final de setembro, o religioso argentino já tinha criticado “o uso imoral” da força no Líbano e na Faixa Gaza, sugerindo um apelo para Israel para que exercesse contenção.

Esta é a primeira vez que o líder da Igreja Católica critica publicamente a política israelita em relação aos territórios palestinianos nestes termos.

Questionado pela agência France-Presse (AFP), o Vaticano indicou que não iria fazer comentários e a embaixada israelita ainda não se pronunciou.

Esta declaração surge uma semana depois da publicação de um livro (“A esperança nunca desilude. Peregrinos por um mundo melhor”), no qual Francisco convida a “estudar cuidadosamente” se a situação na Faixa de Gaza “corresponde à definição técnica” de genocídio, uma acusação firmemente rejeitada por Israel.

A Santa Sé reconhece o Estado da Palestina desde 2013, com o qual mantém relações diplomáticas, e apoia a solução de dois Estados.

Desde 07 de outubro de 2023, a ofensiva israelita na Faixa de Gaza fez 44.235 mortos, na maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde no território controlado pelo Hamas, que as Nações Unidas consideram fiáveis.

O ataque do Hamas em Israel fez 1.206 mortos, também na maioria civis.

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