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Myanmar: EUA aplicam novas sanções e suspendem acordo comercial em resposta à repressão

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Data de publicação
29 Março 2021
17:03

Os Estados Unidos anunciaram hoje novas sanções económicas contra Myanmar (antiga Birmânia), com a suspensão imediata de um acordo comercial até ao regresso de um governo "democraticamente eleito", em resposta à repressão brutal contra manifestantes.

A representante do Comércio norte-americana, Katherine Tai, divulgou em comunicado a "suspensão de todo o envolvimento dos EUA com a Birmânia [Myanmar] sob o acordo-quadro de 2013 sobre o comércio e investimento com efeito imediato".

"Esta suspensão vai permanecer em vigor até ao regresso de um governo eleito democraticamente", lê-se no documento.

O exército birmanês, que derrubou a chefe do governo civil, Aung San Suu Kyi, em 01 de fevereiro, tem reprimido de forma sangrenta as manifestações diárias que pedem o regresso da democracia e a libertação dos antigos dirigentes.

"Os Estados Unidos apoiam o povo birmanês nos seus esforços para restaurar um governo democraticamente eleito, que tem sido a base para o crescimento económico e as reformas em Myanmar. Os EUA condenam veementemente a violência brutal das forças de segurança birmanesas contra civis", afirmou Katherine Tai.

Washington acredita que "essas ações constituem um ataque direto contra a transição do país para a democracia e os esforços do povo birmanês para alcançar um futuro pacífico e próspero".

Na semana passada, os Estados Unidos tinham já anunciado sanções contra dois responsáveis das forças de segurança birmanesas e duas divisões militares em resposta à "repressão violenta" das manifestações pró-democracia.

Essas sanções visavam, em particular, impedir que funcionários birmaneses acedessem ao sistema financeiro internacional ou mantivessem relações comerciais com os EUA.

Ainda hoje, o Reino Unido convocou uma reunião urgente do Conselho de Segurança da ONU, para quarta-feira, sobre Myanmar, após o fim de semana mais sangrento desde o golpe de 01 de fevereiro, disseram fontes diplomáticas.

Os 15 membros do Conselho de Segurança iniciarão a sessão, que acontecerá à porta fechada, com um 'briefing' sobre a situação em Myanmar, que será feito pela enviada especial da ONU, Christine Burgener.

Para já, ainda não há nenhuma certeza de que o Conselho de Segurança das Nações Unidas possa chegar a um acordo sobre uma nova declaração, no final da reunião, sendo para tal necessária unanimidade dos membros, incluindo a China e a Rússia.

A ONU estima que, só no passado sábado, a repressão sobre os manifestantes tenha provocado 107 mortes, incluindo sete crianças, e os 'media' locais falam em 114 vítimas mortais, naquele que terá sido o mais sangrento fim de semana desde o início da crise.

Pelo menos 459 pessoas já morreram desde o golpe, que os militares justificam alegando fraude eleitoral cometida nas eleições legislativas de novembro passado, nas quais a Liga Nacional para a Democracia, partido de Suu Kyi, venceu por esmagadora maioria.

Tanto os observadores internacionais como a comissão eleitoral deposta pela junta militar após a tomada do poder negaram a existência de irregularidades, apesar da insistência de alguns comandantes do Exército, cujo partido detém 25% dos lugares no Parlamento.

A comunidade internacional tem anunciado sanções contra os líderes do golpe militar, incluindo o general Min Aung Hlaing, presidente do Conselho Administrativo de Estado e autoridade máxima em Myanmar.

Lusa

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