A primeira-ministra de Itália, Giorgia Meloni, afirmou hoje um "forte compromisso" com a NATO e com os esforços para pôr fim à invasão russa da Ucrânia, após a expressão de sentimentos pró-Rússia por um dos seus parceiros de coligação.
Meloni sublinhou a "lealdade" do seu país à NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte, bloco de defesa ocidental) e a intenção de a "reforçar", na sua primeira reunião com o secretário-geral da organização, Jens Stoltenberg, que decorreu hoje em Roma.
"Somos uma nação séria e leal; demonstrámo-lo até agora e continuaremos a demonstrá-lo", assegurou numa conferência de imprensa conjunta a até agora dirigente dos Irmãos de Itália (FdI, extrema-direita), que é, desde 22 de outubro, a primeira mulher a chefiar um Governo em Itália.
Meloni, que lidera o primeiro Governo mais à direita de Itália desde o final da Segunda Guerra Mundial, tem prestado um firme apoio à Ucrânia na guerra. Os seus dois principais parceiros de coligação, o ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi e o líder da Liga, Matteo Salvini, nunca esconderam as suas relações próximas com o Presidente russo, Vladimir Putin.
Alguns dias antes de Meloni receber a missão de formar um novo Governo, Berlusconi gabou-se de ter retomado o contacto com Putin e de terem trocado presentes e mensagens "simpáticas" por ocasião do 70.º aniversário do chefe de Estado russo.
Meloni reagiu às declarações de Berlusconi advertindo-o de que não havia lugar no seu Governo para quem apoiasse a Rússia.
Assumindo uma firme posição pró-Aliança Atlântica, Meloni disse a Stoltenberg que a melhor forma de defender a segurança europeia é mantendo os países unidos, insistindo que a "dimensão transatlântica e europeia são obviamente fundamentais para a segurança" de Itália e que a Aliança é "indispensável para a prosperidades e segurança" das respetivas sociedades.
"Sem segurança, não haveria crescimento nas nossas sociedades, e juntos devemos defender os valores comuns da nossa identidade ocidental", declarou, numa conferência de imprensa conjunta com Stoltenberg, que recebeu pela primeira vez no romano palácio Chigi, sede do Governo.
Assim, sobre a invasão russa da Ucrânia, a 24 de fevereiro deste ano, afirmou: "Dado o nosso principal desafio atualmente, Itália defende firmemente a integridade territorial, a soberania e a liberdade desse país".
"A coesão política da Aliança e o nosso total compromisso em apoiar a causa ucraniana são, da nossa perspetiva, a melhor resposta que os aliados da NATO podem dar", defendeu.
Stoltenberg, por sua vez, agradeceu a Meloni o contributo de Itália até agora, que disse ascender a "centenas de milhões de euros" em ajuda humanitária e financeira à Ucrânia e liderar o contingente de combate da NATO na Bulgária, entre outros papéis de liderança na Aliança.
A nova chefe do executivo italiano debateu também com Stoltenberg a necessidade de promover uma atenção da organização "a 360 graus", que também se dirija ao sul do continente europeu, ou seja, ao Mediterrâneo.
E defendeu igualmente a "manutenção da primazia tecnológica que desde há séculos permite ao Ocidente viver em segurança e ser relevante".
Lusa