O reforço da segurança das fronteiras entre a França e a Itália, decididos por Paris após Roma ter recusado o desembarque dos migrantes a bordo do navio "Ocean Viking", está em vigor desde a noite de quinta-feira em mais de uma "dezena de pontos".
Fontes da polícia francesa disseram à agência France Presse que o reforço fronteiriço começou às 20:00 de quinta-feira (19:00 em Lisboa).
Trata-se do controlo de "estações, eixos secundários, nomeadamente perto de Menton, Sospel e Breil-sur-Roya, e autoestradas, sobretudo a A8, saídas de estradas e pontos de portagens", indicou a Direção Geral da Polícia Nacional (DGPN) francesa.
Cerca de 500 polícias e gendarmes (polícia militarizada) foram mobilizados para os postos de controlo em "pontos de passagem autorizados" para garantires "segurança H24" (24 horas), disse a mesma fonte.
Apesar da maior parte das rotas de entrada de migrantes para França ficarem situadas nos Alpes Marítimos, o reforço "estende-se a vários pontos nas outras zonas de montanha".
O dispositivo, coordenado pela polícia fronteiriça francesa (PAF, sigla em francês) envolve agentes da polícia de segurança pública e gendarmes.
De acordo com a DGPN, o esquema de segurança deve ficar totalmente instalado até ao próximo domingo.
"Os agentes foram mobilizados para fornecerem segurança e escoltas aos migrantes do 'Ocean Viking'", disse a mesma fonte policial.
Após três semanas de incerteza e depois de várias tentativas para aportar em Itália, o navio humanitário "Ocean Viking", com 234 migrantes a bordo chegou hoje de manhã à base naval francesa de Toulon.
Em conferência de imprensa na quinta-feira, em Paris, o ministro do Interior, Gérald Darmanin, afirmava que a França decidira acolher "a título excecional" o navio humanitário "Ocean Viking", com 234 migrantes resgatados no Mediterrâneo, mas que ia adotar sanções contra Itália pela recusa de receber o barco apelando à União Europeia para atuar da mesma forma.
Além da "suspensão com efeitos imediatos" do acolhimento de 3.500 refugiados, a França anunciava o reforço dos controlos fronteiriços com Itália, afirmava o ministro.
"O Governo italiano é quem perde", considerou, reiterando que "haverá consequências extremamente fortes no relacionamento bilateral" entre os dois países e no relacionamento de Itália com a União Europeia.
Os 3.500 migrantes que deveriam ser transferidos, no próximo verão, de Itália para França faziam parte de um acordo no âmbito do mecanismo europeu para deslocalização noutros países europeus de refugiados que chegam aos principais países recetores, nomeadamente Itália.
Lusa