A escola secundária francesa onde um professor foi assassinado na sexta-feira foi hoje de manhã evacuada devido a uma ameaça de bomba, depois de o país ter levantado o alerta antiterrorista, anunciou hoje a polícia.
Segundo as autoridades municipais da região norte de Pas-de-Calais, o alerta de bomba foi recebido no ‘site’ da polícia e foi imediatamente decidido retirar todos os alunos e trabalhadores da escola.
Uma equipa de desminagem esteve no local, adiantaram as autoridades locais, acrescentando que "todas as medidas de precaução e segurança" estão a ser tomadas.
A França está em alerta máximo contra ameaças terroristas após o incidente do esfaqueamento na sexta-feira naquela mesma escola e de um fim de semana marcado por outras evacuações em pontos emblemáticos, como o Museu do Louvre ou o Palácio de Versalhes.
O ataque à escola secundária Gambetta-Carnot, em Arras, provocou a morte de Dominique Bernard e deixou outras três pessoas feridas.
O alegado autor do crime, um jovem checheno detido durante o atentado e interrogado pelas autoridades, estava a ser seguido pelos serviços secretos franceses pelas suas afinidades islamistas e foi mesmo interrogado pela polícia na véspera do atentado.
O Presidente francês, que interrompeu os planos de viagem ao estrangeiro e vai liderar na terça-feira uma reunião de segurança, publicou hoje nas redes sociais uma mensagem de homenagem ao professor assassinado e a toda a comunidade educativa.
"Na sexta-feira passada, quando [Dominique Bernard] tentava proteger os seus estudantes, caiu sob os golpes do terrorismo islâmico", enfatizou Macron na mensagem, na qual também elogiou o comportamento "heróico" da vítima, "até ao último minuto".
"Os terroristas sabem-no: não há República sem escola, sem a aprendizagem paciente do espírito crítico e dos valores da liberdade, da igualdade, da fraternidade e da laicidade, que forjam os cidadãos", sublinhou o Presidente.
Apesar de o alegado autor do atentado ter sido libertado, a investigação conduziu, no entanto, a outras oito detenções.
Desde sexta-feira foram mobilizados cerca de 7.000 soldados em todo o país, no âmbito da operação Sentinelle, uma medida lançada em 2015 pelo então Presidente, François Hollande, devido à vaga de atentados 'jihadistas' que atingiu o país nesse ano (Bataclan e Charlie Hebdo).
Desde 2012, os atentados terroristas 'jihadistas' em França mataram 272 pessoas e feriram 1.200, nomeadamente em 2015 e 2016.
Hoje assinala-se precisamente três anos desde o assassinato de um outro professor, Samuel Paty, num ataque nos arredores de Paris.
Samuel Paty, um professor de história e geografia no colégio Bois d'Aulne, num tranquilo subúrbio parisiense, foi esfaqueado e depois decapitado quando voltava para casa.
O professor, de 47 anos, foi assassinado por um refugiado checheno de 18 anos - morto pouco depois pela polícia -, por ter mostrado aos seus alunos caricaturas de Maomé.
Lusa