A pandemia do novo coronavírus exacerbou as desigualdades já existentes em todo o mundo e atingiu os mais vulneráveis de forma especialmente dura, declarou hoje a vice-secretária-geral das Nações Unidas Amina Mohammed, numa conferência em Lisboa.
"A crise [provocada pela pandemia do SARS-CoV-2] exacerbou as desigualdades pré-existentes em todo o mundo e atingiu os mais vulneráveis de forma especialmente dura", afirmou Amina Mohammed, durante a Conferência sobre Saúde Global - Reforço do Papel da União Europeia (UE) na Saúde Global, que se realiza hoje no Centro Cultural de Belém e transmitida online.
Amina Mohammed participou no evento com uma mensagem de vídeo em nome do secretário-geral da ONU, António Guterres, e agradeceu ao Governo de Portugal por acolher a conferência.
"A pandemia covid-19 já ceifou mais de 2,6 milhões de vidas e causou um impacto socioeconómico de magnitude sem precedentes na história contemporânea", declarou Amina Mohammed.
"[A pandemia] expôs os graves riscos de sistemas de saúde subfinanciados e a falta crónica de investimentos em preparação para uma pandemia", sublinhou a vice-secretária-geral das Nações Unidas.
Segundo a responsável da ONU, este é "um momento de balanço para todo o mundo".
"Agora deve estar claro para todos que, sem garantir o direito de todas as pessoas à saúde, nunca teremos sociedades justas", referiu.
"Louvo o compromisso da União Europeia com o multilateralismo baseado em valores e a sua aspiração de reforçar o seu papel na saúde global", disse.
Para Amina Mohammed, "o aumento dos investimentos europeus no reforço dos sistemas de saúde pública e proteção social em todo o mundo ajudará a construir sociedades e economias mais resilientes".
Segundo a responsável das Nações Unidas, "através do apoio político e financeiro da UE à iniciativa ACT Accelerator e da abordagem ‘Team Europe’, os Governos europeus já desempenham um papel mais forte na cooperação para o desenvolvimento".
"Investir numa abordagem integrada 'One Health' será indispensável à medida que procuramos abordar os riscos complexos à saúde decorrentes das intensas interações entre pessoas, animais e o ambiente natural", declarou Amina Mohammed.
"A comunidade internacional também deve trabalhar em conjunto para fortalecer as capacidades de fabrico e produção em todo o mundo, para que todos os países tenham acesso equitativo a produtos essenciais para a saúde, incluindo diagnósticos críticos, medicamentos e vacinas", sublinhou.
Para a responsável da ONU, "os investimentos em saúde são verdadeiramente catalisadores, com a capacidade de melhorar drasticamente as perspetivas de paz e segurança em todo o mundo".
"A Organização das Nações Unidas está ansiosa para trabalhar com todos os parceiros para garantir uma recuperação inclusiva e sustentável e esperamos colaborar com a União Europeia para dar vida à sua nova visão de saúde global", sublinhou.
A Conferência sobre Saúde Global - Reforço do Papel da União Europeia (UE) na Saúde Global foi organizada pelo Ministério da Saúde e a Direção-Geral da Saúde, com o apoio da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia.
A conferência tem como foco o reforço do papel da União Europeia na saúde global, nas dimensões da diplomacia de saúde global, com especial articulação com a agenda UE-África, da liderança no desígnio da Cobertura Universal de Saúde e do impacto das alterações climáticas na saúde, e com especial destaque para a questão das doenças transmitidas por vetores e os desafios da resistência antimicrobiana.
Lusa