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Covid-19: Mais de 400 profissionais da saúde morreram na Venezuela desde o início da pandemia

JM-Madeira

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Data de publicação
30 Março 2021
8:38

A organização não-governamental Médicos Unidos da Venezuela (MUV) disse hoje que 408 médicos e profissionais de saúde morreram desde o início da pandemia de covid-19 no país, em março de 2020, 15 só este mês.

"Lançamos um SOS [pedido de auxílio] aos venezuelanos e à comunidade internacional. Atingimos 408 mortes no setor de saúde com critérios para covid-19 que, na sua maioria, não constam nas estatísticas oficiais", escreveu a ONG na sua conta na rede social Twitter.

A organização publicou os nomes dos profissionais de saúde que sucumbiram à covid-19 e explicou que 15 faleceram em março deste ano, defendendo que a dificuldade de acesso às vacinas está a custar vidas.

"Exigimos respeito pelos acordos do Fundo de Acesso Global para as Vacinas Covid-19 (COVAX). De momento apenas contamos com vacinas doadas (500 mil chinesas e 200 mil russas)", afirmou a ONG.

OS MUV dizem ainda que não chegaram ao país as vacinas acordadas com o Covax, nem os seis milhões que a Federação de Câmaras de Comércio da Venezuela (Fedecâmaras) foi autorizada a importar, "nem uma única comprada pelo executivo". "Só temos 1,5% [do necessário] para vacinar", acrescentou a ONG.

"Exigimos um plano de vacinação com prioridades. Os nossos idosos, pessoas com comorbidades e equipas, por áreas de risco, são prioritários", defendeu.

Segundo a ONG, há hospitais venezuelanos em colapso, "com pacientes sem oxigénio", defendendo que "a semana da Páscoa é um momento para fazer uma chamada à reflexão, aos que ainda não compreenderam a tragédia que se vive no país".

"Estamos na segunda vaga, quadruplicando os casos e os mortos, e o mais grave é que estão a morrer os encarregados de nos salvar da morte: o pessoal de saúde", afirmou.

A ONG representa mais de 4.000 profissionais da saúde na Venezuela.

Hoje, os ministros venezuelanos da Saúde, Carlos Alvarado, e das Relações Exteriores, Jorge Arreaza, receberam 50 mil doses da vacina russa Sputnik V, que será usada "para imunizar as pessoas com mais de 60 anos" de idade.

Na sexta-feira, a oposição venezuelana advertiu que vai recorrer para o Tribunal Penal Internacional (TPI) se o Governo impedir a entrada no país de 12 milhões de vacinas da AstraZeneca pedidas ao mecanismo Covax.

O acordo com a plataforma da Organização Mundial de Saúde (OMS) "vai permitir salvar muitas vidas (…). Recusar a imunização da população venezuelana ao vírus é uma causa adicional para que o regime seja julgado no TPI", afirmou o deputado da oposição William Barrientos, numa conferência de imprensa virtual.

A oposição venezuelana reiterou que a vacina da AstraZeneca não representa um risco para a população, depois de, em 16 de março, a vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodríguez, anunciar que aquela vacina não vai ser autorizada, devido aos efeitos secundários ocorridos nos pacientes.

Em 02 de março, o país recebeu meio milhão de doses de vacinas da farmacêutica estatal chinesa Sinopharm, depois de ter recebido, em fevereiro, as primeiras 100 mil doses da vacina russa.

De acordo com a Academia de Medicina da Venezuela, o país necessita de 30 milhões de doses para 15 milhões de pessoas, 3,5 milhões das quais pessoal prioritário.

Em 22 de março, o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, decretou duas semanas de "quarentena radical", até depois da Páscoa, para tentar travar a propagação local da variante do novo coronavírus detetada no Brasil.

A Venezuela contabilizou 1.565 mortes e 156.655 casos da covid-19, desde o início da doença no país, em março de 2020.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.784.276 mortos no mundo, resultantes de mais de 127 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Lusa

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