Novo Presidente francês quer Europa "refundada e relançada"
O novo Presidente francês prometeu hoje trabalhar para que a Europa seja "refundada e relançada" e tudo fazer para combater o terrorismo e o autoritarismo e resolver a crise dos refugiados.
"Precisamos de uma Europa mais eficaz, mais democrática, mais política", salientou Emmanuel Macron, no seu discurso de tomada de posse.
Os franceses "escolheram a esperança e o espírito de conquista", afirmou aquele que se tornou, aos 39 anos, o mais jovem presidente de sempre em França, prometendo não ceder relativamente aos compromissos assumidos durante a sua campanha eleitoral.
"Assumiremos todas as nossas responsabilidades [no sentido de] dar, sempre que for necessário, uma resposta relevante às grandes crises contemporâneas, quer se trate da crise das migrações, do problema climático, das 'derivas' autoritárias, dos excessos do capitalismo mundial e, claro, do terrorismo", referiu, durante a cerimónia que decorreu no Palácio do Eliseu.
Emmanuel Macron salientou que todos os países no mundo são "interdependentes ...[e] vizinhos" e anunciou a sua determinação para avançar reformas para libertar a economia francesa.
Salientou ainda a sua intenção de voltar a dar confiança aos franceses, que, a 07 de maio, na segunda volta das eleições, lhe deram a vitória.
"A divisão e as fraturas que percorrem a nossa sociedade devem ser ultrapassadas, quer sejam económicas, sociais, políticas ou morais", defendeu Emmanuel Macron.
Nas últimas décadas, "a França duvida de si própria: sente-se ameaçada na sua cultura, no seu modelo social, nas suas crenças profundas", referiu o novo Presidente, dizendo ser por isso que uma das exigências que guiará o seu mandato será de dar aos franceses esta "confiança em si próprios, enfraquecida desde há demasiado tempo".
"As francesas e franceses que se sentem esquecidos por este vasto movimento do mundo deverão ficar melhor protegidos", insistiu.
Outra frase de Emmanuel Macron no mesmo sentido é: "Vou ter a vontade constante de reconciliar e juntar o conjunto dos franceses".
"Tudo o que faz da França um país seguro, onde se pode viver sem ter medo, será aumentado. A laicidade republicana será defendida", garantiu o novo Presidente, defendendo que não será possível o refúgio nos hábitos, "por vezes, fora do tempo".
Depois da sua vitória perante a extrema direita francesa, com um programa "nem de direita, nem de esquerda", sem qualquer experiência eleitoral e sem partido político estruturado, prometeu reformar "profundamente a vida política", num país muito dividido, com um desemprego de 10% e em estado de urgência devido às ameaças terroristas.
A sua vontade de união refletiu-se no elogio aos seus antecessores, de direita e de esquerda, desde o general Charles de Gaulle até François Hollande, com "o Acordo de Paris para o clima, e protegendo os franceses num mundo afetado pelo terrorismo", passando por Nicolas Sarkozy que "não poupou energia para resolver a crise financeira".
"Hoje, neste domingo, 14 de maio, neste instante em que assume as suas funções, apresentamos as nossas felicitações mais sinceras", declarou o presidente do Conselho Constitucional, Laurent Fabius, na cerimónia de tomada de posse, depois de ter recordado os resultados da segunda volta das eleições presidenciais nas quais Emmanuel Macron obteve 66,10% dos votos e Marine Le Pen 33,90%.
O Presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, escreveu na sua conta da rede social Twitter que "uma nova página se abre para a França, um novo impulso para a Europa".
A primeira deslocação de Emmanuel Macron como chefe de Estado será à Alemanha, na segunda-feira, onde irá reunir-se com a chanceler Angela Merkel.
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