Trinidad e Tobago recusa converter-se num acampamento de refugiados venezuelanos
O Governo de Paula-Mae Weekes anunciou sexta-feira que não permitirá que Trinidad e Tobago se converta num acampamento de refugiados venezuelanos, justificando a posição no tamanho da ilha que tem capacidade apenas para 1,3 milhões de pessoas.
"Não somos a China, a Rússia ou a América. Somos uma pequena ilha. Temos um espaço limitado a 1,3 milhões de pessoas. Portanto, não podemos e não permitiremos que os porta-vozes (da ONU) nos convertam num campo de refugiados", disse o primeiro ministro de Trinidad e Tobago.
Keith Rowley falava numa conferência de imprensa em Porto of Spain, durante a qual anunciou que enviará uma carta de reclamação à ONU, porque os seus representantes locais deturparam os factos relacionados com a recente deportação para a Venezuela de 82 venezuelanos.
"Este país não permitirá que a Organização das Nações Unidas (ONU) ou qualquer outro organismo internacional o converta num campo de refugiados (…). Este país não permitirá que, sem protestar, qualquer agência internacional deturpe as nossas circunstâncias (…). Somos um membro muito cuidadoso e responsável da ONU", frisou.
Keith Rowley questionou as recentes declarações do adjunto do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, Volker Türk, que afirmou que os deportados tinham pedidos asilo e que não deviam ter sido autorizados a sair sem que as circunstâncias fossem verificadas pela ONU.
Segundo o político o seu Governo ajudou alguns venezuelanos que tinham necessidades, mas "à medida que a situação na Venezuela se foi deteriorando, chegaram mais e mais pessoas" que eram ajudadas como possível.
Por outro lado, frisou que o tema da crise venezuelana tem sido tratado cuidadosamente, porque "se for lidado de forma errada pode criar sérios problemas".
"Há pessoas que querem que nos unamos para invadir a Venezuela. Nós não fazemos isso. Há pessoas que querem que digamos que o Governo venezuelano é isto ou aquilo (…). A Venezuela é o nosso vizinho mais próximo, trabalhamos essas relações e a assistência que prestamos é a que podemos", disse.
Por outro lado criticou que os países mais desenvolvidos imponham restrições de vistos ao fluxo de migrantes e que os deportem frequentemente.
Keith Rowley afirmou que muitos dos imigrantes que entram ilegalmente no seu país têm problemas económicos e "não se qualificam automaticamente como refugiados", precisando que as pessoas foram detidas e deportadas, não por serem venezuelanas, mas porque violaram a lei.
A 23 de abril último, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) lamentou a recente deportação de 82 venezuelanos que viviam em Trinidad e Tobago, incluindo requisitantes de asilo e pessoas que se declararam refugiadas.
"O regresso forçado deste grupo é uma grande preocupação", disse o alto-comissário adjunto para a proteção, Volker Türk, num comunicado no qual recordou que as repatriações forçadas são uma violação da lei internacional.
As pessoas estiveram detidas em Trinidad e Tobago e foram deportadas para a Venezuela a 21 de abril, apesar do ACNUR ter solicitado um encontro com o grupo.
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