Bruxelas insta Facebook a dar respostas nas próximas duas semanas
A Comissão Europeia instou o Facebook a dar respostas “nas duas próximas semanas” às questões levantadas pelo caso Cambridge Analytica, para perceber se os dados pessoais dos europeus foram afetados.
Num email enviado na segunda-feira à noite pela comissária europeia da Justiça, Vera Jourova, a que a agência AFP teve hoje acesso, o executivo comunitário pede também que a rede social norte-americana providencie informação sobre as medidas tomadas para evitar que um novo caso como o da Cambridge Analytica se possa repetir.
“Escrevo-vos para melhor compreender como os dados dos utilizadores do Facebook, e particularmente as dos cidadãos da União Europeia, caíram nas mãos de terceiros à sua revelia e sem o seu consentimento”, indicou a comissária encarregada da proteção dos consumidores e de dados pessoais, no correio eletrónico endereçado à número dois do Facebook, Sheryl Sandberg.
Na missiva, Vera Jourova diz que espera conhecer quais os planos da rede social para enfrentar as recentes revelações, estabelecendo um prazo de duas semanas para obter uma resposta às suas questões.
A comissária questiona especificamente como o Facebook pretende aplicar as regras europeias de confidencialidade de dados e se “os dados dos cidadãos europeus foram afetados por este escândalo recente” ligado à Cambridge Analytica.
“Se foi esse o caso, como tencionam informar as autoridades e os utilizadores?”, interroga.
As recentes revelações sobre a utilização indevida de dados de utilizadores do Facebook levou os chefes de Estado e Governo da UE, reunidos na última quinta e sexta-feira em Bruxelas, a defender que as redes sociais devem garantir “práticas transparentes e uma proteção total da vida privada e dos dados pessoais dos cidadãos”.
A rede social Facebook tem estado no centro de uma vasta polémica internacional com a empresa Cambridge Analytica, acusada de ter recuperado dados de 50 milhões de utilizadores da rede social, sem o seu consentimento, para elaborar um programa informático destinado a influenciar o voto dos eleitores, favorecendo a campanha de Donald Trump.
A empresa fundada por Mark Zuckerberg afirmou-se "escandalizada por ter sido enganada" pela utilização feita com os dados dos seus utilizadores e disse que "compreende a gravidade do problema".
O escândalo levou a uma descida das ações do Facebook e Mark Zuckerberg foi convocado por uma comissão parlamentar britânica e pelo Parlamento Europeu para se explicar.
Nos Estados Unidos, os procuradores de Nova Iorque e de Massachusetts e a Comissão Federal do Comércio anunciaram que vão investigar o caso.
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