Smartmatic anuncia fim de operações por não poder validar eleições na Venezuela
A empresa Smartmatic anunciou, terça-feira, o encerramento dos seus escritórios na Venezuela, por não poder validar os resultados das eleições no país.
"Após 15 anos de serviço e 14 eleições assistidas, fornecendo um sistema de votação seguro e auditável, a Smartmatic fechou seus escritórios e cessou as suas operações na Venezuela", explica um comunicado da empresa.
No documento, a empresa explica que "as razões para o encerramento são amplamente conhecidas".
"Em agosto de 2017, após as eleições para a Assembleia Constituinte, a Smartmatic declarou publicamente que o Conselho Nacional Eleitoral tinha anunciado resultados diferentes dos refletidos no sistema de votação. Esse episódio levou a uma rutura imediata do relacionamento cliente-provedor", afirma.
Por outro lado, explica que "a Smartmatic não participou nas duas últimas eleições (regionais de 15 de outubro de 2017 e municipais de 10 de dezembro de 2017)".
"Uma vez que a empresa não estava envolvida nesses processos, e dado o facto de que os produtos da empresa não estão sob garantia e não foram certificados para essas eleições, a Smartmatic não pode garantir a integridade do sistema nem pode atestar a precisão dos resultados", afirma.
O comunicado conclui explicando que "a Smartmatic opera atualmente em quase 40 países, em todo o mundo, em parceria com Governos, comissões eleitorais e cidadãos que procuram realizar eleições seguras, limpas e transparentes".
A 2 agosto de 2017 a Smartmatic denunciou, durante uma conferência de imprensa em Londres, que os resultados das eleições de 30 de julho, para a Assembleia Constituinte, na Venezuela, tinham sido "manipulados".
"Com base na robustez do nosso método, sabemos, sem qualquer dúvida, que [os números da] a afluência às urnas na recente eleição para a Assembleia Constituinte foi manipulada", disse Antonio Mugicala, diretor-executivo da SmartMatic.
O representante da empresa britânica indicou que "a diferença entre a participação real e a anunciada pelas autoridades era de pelo menos um milhão de votos".
Segundo as autoridades venezuelanas, mais de oito milhões de eleitores, cerca de 41,5% dos eleitores inscritos, participaram no escrutínio.
A eleição foi boicotada pela oposição venezuelana, que alegou que o ato eleitoral era um caminho para prolongar o poder do Presidente venezuelano, Nicolas Maduro, cujo mandato termina em 2019.
No próximo 20 de maio de 2018, a Venezuela prevê realizar eleições presidenciais antecipadas, em conjunto com as legislativas e para os conselhos municipais.
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