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Ex-ditador da Guiné-Conacri Dadis Camará diz ter sido derrubado por uma "conspiração"

JM-Madeira

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Data de publicação
24 Janeiro 2023
17:34

O ex-ditador da Guiné-Conacri Moussa Dadis Camará denunciou hoje em tribunal ter sido derrubado em resultado de uma "conspiração internacional", na qual envolveu dois sucessores e o ex-presidente do Burkina Faso, Blaise Compaoré.

O capitão Camará, que está a ser julgado pela sua responsabilidade de um massacre no estádio de Conacri, em 28 de setembro de 2009, tomou o poder, com um grupo de oficiais, em 23 de dezembro de 2008 após o anúncio da morte do Presidente Lansana Conté.

O ex-ditador, juntamente com mais 10 ex-militares e funcionários governamentais, está a ser julgado desde 28 de setembro da acusação de uma série de assassínios, atos de tortura, violação e outros sequestros cometidos em 28 de setembro de 2009 pelas forças de segurança no estádio onde dezenas de milhares de simpatizantes da oposição se juntaram para dissuadir o capitão Camará de concorrer às eleições presidenciais previstas para janeiro de 2010.

Os abusos continuaram nos dias seguintes e, na ocasião, 156 pessoas foram mortas e centenas feridas, e, pelo menos, 109 mulheres foram violadas, de acordo com o relatório de uma comissão de inquérito mandatada pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Em 03 de dezembro de 2009, o seu ajudante de campo, tenente Aboubacar Sidiki Diakité, conhecido como ‘Toumba’, alvejou-o por alegadamente o ter tentado responsabilizar pelo massacre.

Moussa Dadis Camará foi então transportado para Marrocos e depois para o Burkina Faso onde, em janeiro de 2010, por mediação da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), renunciou ao poder.

"Eu e Sékouba Konaté [ministro da Defesa e vice-presidente da junta] assinámos em Ouagadougou um acordo que estipulava que ele devia gerir o poder político na Guiné-Conacri de forma interina até ao fim da minha convalescença" na capital do Burkina Faso, revelou hoje Dadis Camará ao tribunal.

"Mas percebi depois que se tratava de um acordo fictício, que assinámos sob os auspícios de Blaise Compaoré, presidente [em exercício] da CEDEAO e mediador na crise guineense", acrescentou, referindo-se ao então chefe de Estado burquinabê.

Para Dadis Camará, o acordo foi uma "conspiração nacional e internacional" contra si "que permitiu a Sékouba Konaté dar o poder ao seu mentor Alpha Condé", referindo-se ao adversário histórico Alpha Condé, vencedor das eleições presidenciais de 2010 organizadas sob a presidência de transição do general Konaté.

"Foi para me manter fora do país enquanto o Presidente eleito permanecesse no poder (com esta) conspiração habilmente orquestrada por Alpha Condé e executada por Sékouba Konaté e Toumba Diakité", insistiu Dadis Camará.

Durante a sua primeira audiência em dezembro, Dadis Camará já havia falado de uma "conspiração" e incriminado o seu ex-ajudante de campo no massacre.

LUSA

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