Catalunha: Ex-governante quer concorrer às eleições com novo partido soberanista

Lusa

Um antigo conselheiro e deputado catalão criou um novo partido, Nova Convergência, “soberanista e de centro amplo” e tem “vontade de estar presente” nas eleições regionais de 21 de dezembro e de “colaborar com outras forças soberanistas”.

A formação, liderada pelo ex-conselheiro da Justiça e deputado independente Germà Gordó, é impulsionada pela associação com o mesmo nome, “formada por sócios que não têm militância política, membros do PDeCAT [Partido Democrata Europeu Catalão] e de outras formações políticas”.

A Nova Convergência “não pretende entrar em confronto com o resto das forças soberanistas”, mas “colaborar” com aqueles que coincidam com os seus “princípios básicos”, lê-se num comunicado.

As ideias principais desta formação, acrescenta a mesma nota, são o “direito a decidir” dos catalães, o reconhecimento das instituições de autogoverno e o “Governo legítimo”, as liberdades individuais das pessoas, a libertação dos “presos políticos”, a revogação da aplicação do artigo 155.º da Constituição e o apelo ao diálogo.

Gordó teve de abandonar o PDeCAT (partido do presidente destituído do governo catalão, Carles Puigdemont) na sequência de uma investigação judicial pela sua suposta ligação a um caso de corrupção da antiga CDC (Convergência Democrática da Catalunha, que antecedeu ao PDeCAT), de que foi militante durante 37 anos.

Após a sua saída do PDeCAT, abandonou o grupo parlamentar Junts pel Sí (coligação independentista) e deixou de ser presidente da comissão de justiça do parlamento regional, apesar de ter continuado como deputado sem partido.

Na Catalunha, o presidente do Cidadãos (centro), Albert Rivera, apelou hoje aos catalães para que votem nas eleições regionais para “recuperar a liberdade” e acabar com as “linhas divisórias” traçadas pelo “separatismo”.

Num ato público do partido na localidade de Sant Andreu de Llavaneres, Rivera ironizou que o ex-presidente da Generalitat (governo regional) está “em Erasmus” na Bélgica e reclamou: “Dê a cara perante a justiça, não se esconda, não arranje desculpas”.

Rivera esteve acompanhado pela líder do partido na Catalunha e candidata às eleições de 21 de dezembro, Inés Arrimadas, que a autarquia de Llavaneres declarou como “persona non grata”, em outubro passado.

Por outro lado, a presidente da Junta da Andaluzia, Susana Díaz (PSOE), disse sentir uma “enorme tristeza por estarem na prisão aqueles que, até há uns dias, eram os representantes políticos de um governo”, numa referência à prisão preventiva decretada para oito antigos membros do executivo catalão.

A governante socialista atribuiu a culpa desta situação “a quem a provocou, a começar com o senhor fugitivo Puigdemont”.

O presidente destituído do governo catalão está na Bélgica desde segunda-feira, juntamente com outros membros do seu executivo, enquanto oito ex-conselheiros, incluindo o número dois, Oriol Junqueras, ficaram em prisão preventiva, acusados dos crimes de rebelião, sedição e fraude.

No entanto, a responsável salientou que “foram transgredidas de forma muito grave todas as leis que existem e que não existem” e defendeu que o Estado de direito “tem a obrigação de restituir a legalidade sempre e de garantir a liberdade individual e coletiva de todos os cidadãos”.

A juíza da Audiência Nacional Carmen Lamela decretou na quinta-feira a prisão preventiva de oito ex-membros do governo catalão que se apresentaram para ser ouvidos, incluindo o ex-vice-presidente do governo autónomo da Catalunha, Oriol Junqueras.

Ao ex-ministro regional Santi Vila, que se tinha demitido do cargo poucas horas antes de o governo regional da Catalunha ter sido destituído, por decisão do Governo espanhol de Mariano Rajoy, foi-lhe imposta uma medida de coação que lhe dá a possibilidade de pagar 50.000 euros e esperar o julgamento em liberdade.

O parlamento regional da Catalunha aprovou no dia 27 de outubro a independência da região, numa votação sem a presença da oposição, que abandonou a assembleia regional e deixou bandeiras espanholas nos lugares que ocupava.

No mesmo dia, o executivo de Mariano Rajoy, do Partido Popular (direita), apoiado pelo maior partido da oposição, os socialistas do PSOE, e também pelo Cidadãos (centro), anunciou a dissolução do parlamento regional, a realização de eleições em 21 de dezembro próximo e a destituição de todo o governo catalão, entre outras medidas.