O líder da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) apelou hoje aos católicos timores que respeitem a posição do Vaticano sobre os alegados abusos sexuais que visam o antigo administrador apostólico de Díli Ximenes Belo.
"A Igreja Católica é uma instituição milenar, que sabe como gerir os seus problemas internos" e "cada católico ou não católico deve procurar agora, de certa forma, acreditar no Vaticano na busca de uma solução equilibrada para este assunto", afirmou, em entrevista à Lusa em Lisboa, Mari Alkatiri, que coordena também a plataforma partidária que sustenta o atual executivo timorense.
Nos últimos dias, um jornal holandês divulgou testemunhos de alegadas vítimas de abusos sexuais por parte do Nobel da Paz, que reside em Portugal. O Vaticano anunciou que impôs sanções disciplinares a Ximenes Belo nos últimos dois anos, após ter recebido alegações de que o prelado teria abusado sexualmente de menores no seu país nos anos 1990.
Estas sanções incluem limites aos movimentos do bispo e ao exercício do seu ministério, bem como a proibição de manter contactos voluntários com menores ou com Timor-Leste, tendo as penas sido agravadas em 2020.
Marco Sprizzi, atual núncio em Díli, admitiu que "são restrições um pouco duras, porque o caso era delicado, sério e os crimes são graves", afirmou, explicando "as medidas foram formalmente, explicitamente, oficialmente, aceites pelo bispo".
Timor-Leste "é um país católico maioritariamente e há que se respeitar isso", comentou Mari Alkatiri, que elogiou também a importância do bispo no processo de independência em relação à Indonésia.
"D. Ximenes Belo teve o seu papel na luta de libertação nacional e isso ninguém pode negar", acrescentou Mari Alkatiri que não quis comentar mais o caso.
Agência Lusa