Governadores opositores recusam tomar juramento perante Assembleia Constituinte
Cinco governadores da Mesa de Unidade Democrática (MUD aliança opositora), eleitos nas eleições de domingo, negaram-se a prestar juramente perante a Assembleia Constituinte, que acusam de ser "cubana" e "fraudulenta".
"A MUD, perante a chantagem da fraudulenta constituinte, reitera perante o povo da Venezuela e a comunidade Internacional que os governadores eleitos só se submeterão ao mandado estabelecido na Constituição e nas leis da República", afirmam, num comunicado divulgado em Caracas.
O documento sublinha que os opositores "apenas prestarão juramento perante Deus e os conselhos legislativos e não perante a fraudulenta Assembleia Constituinte".
"A MUD e os seus governadores eleitos ratificam o seu compromisso com a vontade do povo, expressada a 16 de julho (plebiscito popular realizado pela oposição) em que mais de 7,5 milhões de venezuelanos condenaram o fraude Constituinte", refere o documento.
Entretanto, hoje, a Assembleia Constituinte ajuramentou os 16 governadores afetos ao regime, que foram eleitos no domingo, numa eleições que a oposição diz ter sido irregular e que os resultados oficiais não têm correspondência com os dados dos opositores.
Durante a sessão de juramento, a presidente da Assembleia Constituinte, Delcy Rodríguez, pediu que seja reconhecido o chefe de Estado (Presidente Nicolás Maduro), por ter "dirigido as batalhas com audácia e responsabilidade, com compromisso de Pátria, com consciência revolucionária" e "derrotados os impérios".
"O modelo da revolução bolivariana é o único modelo que permite que o nosso povo viva em felicidade e desenvolvimento", frisou.
A Assembleia Constituinte foi eleita a 31 de julho último e foi convocada pelo Presidente Nicolás Maduro para alterar a Constituição em vigor, nomeadamente os aspetos relacionados com as garantias de defesa e segurança da Nação, entre outros pontos.
O escrutínio, fortemente contestado e boicotado pela oposição venezuelana, ficou marcado por violentos confrontos entre os opositores de Maduro e as forças de segurança venezuelanas em várias cidades, incluindo na capital Caracas, que fizeram 10 mortos.
A oposição venezuelana acusa o Presidente de pretender usar a reforma para instaurar no país um regime cubano e perseguir, deter e calar as vozes dissidentes. E afirma que o escrutínio de domingo é um caminho para prolongar o poder de Maduro, cujo mandato termina em 2019.
Segundo a empresa responsável pela contagem dos votos do escrutínio, a britânica SmartMatic, os dados "foram manipulados".
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